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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Brasão de Sua Santidade Bento XVI

Brasão do Papa Bento XVI
Escudo eclesiástico. Campo de goles com uma Vieira de jalde, mantelado de jalde, tendo à destra uma cabeça de mouro de sable, embocada, coroada e ornada de goles e, à senextra, um urso de sable armado e lampassado de goles, carregado de um fardo de argente, cinturado de sable. O escudo está assente em tarja branca, na qual se encaixa o pálio papal (omofório) branco com cruzetas de goles. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de argente, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. Quando são postos tenentes, estes são dois anjos de carnação, sustentando cada um, na mão livre, uma cruz trevolada tripla, de jalde.

Brasão Cardinalício de Joseph Ratzinger.

O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. Os esmaltes: goles (vermelho) e jalde (ouro) são as cores de Roma: ouro e sangue. O campo de goles (vermelho) simboliza o fogo da caridade inflamada no coração do Soberano Pontífice pelo Divino Espírito Santo, que o inspira diretamente no governo supremo da Igreja, bem como valor e o socorro aos necessitados, que o Pai espiritual de todos os cristãos deve dispensar aos seus filhos. A Vieira (concha) tem três significados: o primeiro, de cunho teológico, recorda a passagem de Santo Agostinho, que, encontrando um jovem na praia, que com uma concha procurava pôr toda a água do mar num buraco cavado na areia, lhe perguntou o que fazia; e, tendo obtido a resposta, explicou-lhe a sua vã tentativa, e, assim, Santo Agostinho compreendeu a referência ao seu inútil esforço de procurar fazer entrar a infinidade de Deus na limitada mente humana. Está aí expresso um convite ao conhecimento de Deus, mesmo se na humildade da incapacidade humana.

O segundo significado da Vieira, já há séculos usado, é o do peregrino, simbolismo que Bento XVI quer manter vivo, no seguimento das pegadas do Papa João Paulo II, grande peregrino em todas as partes do mundo. E, por último, a Vieira também o símbolo presente no brasão do antigo mosteiro beneditino de Schotten, perto de Ratisbona, na Baviera, ao qual o Papa se sente espiritualmente muito ligado. A Vieira, por seu metal, jade (ouro), simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. A partição em mantel , em italiano chamada "cappa", é um símbolo de religião, indicando um ideal inspirado na espiritualidade monástica, e mais tipicamente na beneditina. Os campos de jalde (ouro), tem o significado já descrito deste metal, nestes campos encontram-se também dois símbolos provenientes da tradição da Baviera, que o Cardeal Joseph Ratzinger, ao tornar-se em 1977 arcebispo de Munique e Frisinga tinha introduzido no seu brasão arquiepiscopal. À dextra, a cabeça de mouro, com lábios, coroa e colar vermelhos, é o antigo símbolo da diocese de Frisinga, que surgiu no século VIII, tornando-se arquidiocese com o nome de Munique e Frisinga em 1818, depois da Concordata entre o Papa Pio VII e o rei Maximiliano José, da Baviera, em 5 de Junho de 1817.

A cabeça de mouro, na tradição bávara é muito freqüente, sendo denominada caput ethiopicum, ou mouro de Frisinga. À senestra, o urso, de cor, que carrega no seu dorso um fardo, relembra uma antiga tradição que o primeiro bispo de Frisinga, São Corbiniano, tendo-se posto em viagem a cavalo rumo a Roma, ao atravessar uma floresta foi atacado por um urso, que lhe devorou o cavalo; contudo, ele conseguiu não só aplacar o urso, mas carregar nele a sua bagagem fazendo-se acompanhar por ele até Roma.

A fácil interpretação da simbologia quer ver no urso domado pela graça de Deus o próprio bispo de Frisinga, e costuma ver no fardo o peso do episcopado por ele carregado. O urso, por sua cor, de sable (preto) simboliza: sabedoria, ciência, honestidade e firmeza e a carga, por seu metal argente (prata), traduz: inocência, castidade, pureza e eloqüência. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa. As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do Sucessor de Pedro , relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19). Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores.

A mitra pontifícia usada como timbre, recorda em sua forma e esmalte, a simbologias da tiara, sendo que as três faixas de jalde (ouro) significam os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, ligados verticalmente entre si no centro para indicar a sua unidade na mesma pessoa.

O pálio papal (omofório), muito usado nas antigas representações papais, simboliza ser o papa pastor universal do rebanho que lhe foi confiado por Cristo. O listel tira seu lema da aspiração e do programa pessoal de vida do Papa Bento XVI que é o compromisso incondicional com a verdade, numa referência à passagem evangélica: "Seja o vosso 'sim' sim, e o vosso 'não' não. O que passa disso vem do Maligno" (Cf. Mt 5,37) e ainda a proclamação de que somente Nosso Senhor Jesus Cristo é o "Caminho, a Verdade e a Vida" (Cf. Jo 14,6)

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