O Grão-Rabinato de Israel “agradeceu” a Bento XVI as suas “claras” tomadas de posição contra a negação da Shoah, no final de um encontro com o Papa que decorreu esta Quinta-feira, no Vaticano.
“Agradecemos ao Vaticano por ter permitido a retoma do diálogo com tomadas de posição claras, deplorando a negação da Shoah”, declarou o Rabino Shear-Yashuv Cohen, que presidiu à delegação judaica, num texto distribuído à imprensa.
Após o polémico “caso “Williamson”, que foi abordado pelo Papa numa carta enviada hoje aos Bispos de todo o mundo, o Rabinato de Israel considera que o encontro desta manhã foi “uma viragem positiva para o regresso do diálogo que existe entre nós”.
Bento XVI, por seu lado, proferiu um discurso em que destacou a importância do diálogo inter-religioso. “O facto de reconhecermos que temos em comum um rico património espiritual”, disse, permitiu estabelecer “um diálogo fundado no respeito e na compreensão mútuas”.
O Papa, que em Maio deste ano viajará à Terra Santa, diz que a sua peregrinação deverá contribuir para o diálogo com judeus e muçulmanos e promover a paz na região e no mundo.
Aos rabinos israelitas, que há duas semanas deviam ter participado no encontro periódico com a comissão para as relações religiosas com o judaísmo - e que por causa da suspensão momentânea das relações que se seguiu ao “caso Williamson” chegaram só nesta Quinta-feira -, o Papa manifestou a sua gratidão, em linha com quanto escrevera na Carta aos bispos do mundo inteiro.
“Agradeço-vos pela vossa visita e renovo o meu empenho no sentido de fazer avançar a visão estabelecida para as gerações futuras, pela declaração «Nostra Aetate» do Concilio Vaticano II”, disse.
Para Bento XVI o diálogo entre os judeus e a Igreja é necessário e possível. E a viagem à Terra Santa será uma demonstração dessa convicção: “A minha intenção é d rezar especialmente pelo dom precioso da unidade e da paz, tanto na região como para a família humana inteira”.
“Possa a minha visita ajudar também a aprofundar o diálogo da Igreja com o povo judaico, de maneira que judeus, cristãos e muçulmanos possam viver em paz e harmonia na Terra Santa”, acrescentou.
Esta Qunta-feira, o Papa enviou uma mensagem aos Bispos católicos de todo o mundo, admitindo que “uma contrariedade que eu não podia prever foi o facto de o caso Williamson se ter sobreposto à remissão da excomunhão”, escreve, lamentando que o seu “gesto discreto de misericórdia” se tenha transformado, na opinião pública, numa espécie de “desmentido da reconciliação entre cristãos e judeus e, consequentemente, como a revogação de quanto, nesta matéria, o Concílio tinha deixado claro para o caminho da Igreja”.
“Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir”, acrescenta.
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