Por Andrea Tornielli
Após os teólogos, também os cardeais e bispos da Congregação para as Causas dos Santos deram sinal verde para a beatificação de Paulo VI, o Papa que concluiu o Concílio Vaticano II e que conduziu a Igreja durante os difíceis anos do pós-Concílio. A reunião de consulta, anunciada por Vatican Insider em outubro, foi realizada em 10 de dezembro, na sede da Congregação. O resultado da votação foi positivo, soube Vatican Insider. Todos os presentes aprovaram por unanimidade a Positio, isto é, a documentação do processo, exprimindo-se favoravelmente sobre a “heroicidade das virtudes” de Giovanni Battista Montini, eleito Papa com o nome de Paulo VI em 1963 e falecido em 1978. Também a reunião anterior dos teólogos teve resultado positivo por unanimidade.
Papa Paulo VI entrega o anel cardinalício ao então Cardeal Ratzinger
Agora, restam dois atos antes de saber a data da beatificação. A promulgação do decreto sobre as virtudes heróicas, que cabe ao Papa, está prevista para o próximo 20 de dezembro, quando o Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, será recebido em audiência pelo Papa a fim de apresentar-lhe os decretos relativos aos processos. O “sim” de Bento XVI é considerado mais do que provável e quase certo, após a votação unânime de teólogos e cardeais, e sem disputas históricas, como foi o caso de Pio XII, sobre quem, pelo contrário, o Papa gostaria de ter tempo para decidir. Após o decreto papal, Paulo VI receberá o título de “venerável” e o processo pode ser considerado encerrado.
Em 1965, junto a São Josemaria Escrivá na inauguração do Centro Elis
O segundo ato necessário para a beatificação é o reconhecimento de um milagre, uma cura miraculosa atribuída a Paulo VI e ocorrida depois de sua morte. No caso de Paulo VI, o postulador da causa, Padre Antonio Marrazzo, já escolheu, entre relatórios recebidos, um caso de cura que teria sido “inexplicável” aos primeiros exames. O suposto milagre se refere à recuperação de uma criança ainda não nascida, ocorrida há 16 anos na Califórnia. Durante a gravidez, os médicos haviam encontrado um problema grave no feto e, por conta de consequências cerebrais que ocorrem nestes casos, sugeriram o aborto como único remédio possível à jovem mãe. Ela quis levar a gravidez a termo e se confiou à intercessão de Paulo VI, Papa que em 1968 escreveu a encíclica “Humanae Vitae”. O bebê nasceu sem problemas: esperou-se atingir os 15 anos de idade para constatar a ausência de sequelas e a cura perfeita. Mas há também uma segunda cura inexplicável, da qual é protagonista uma freira que sofria com um tumor, e que poderia ser apresentada à Congregação.
Durante celebração no Concílio Vaticano II
A vontade de Bento XVI é de avançar rapidamente. A beatificação está prevista para acontecer no final do Ano da Fé. Em 2013, ocorre o quinquagésimo aniversário da eleição do Papa Montini e o trigésimo quinto de sua morte.
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