Por Frei Thiago Borges, O.Carm.
“Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pelas mãos dos cardeais em 19 de abril de 2005, pela qual a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice terá de ser convocado por quem tem a competência para isso.”
A notícia da renuncia do Papa Bento XVI tornou-se um fato histórico para a sociedade e para a Igreja Católica. Passados 600 anos desde a última renuncia ao Sólio de Pedro, segundo consta na história, o último Papa a resignar-se foi Gregório XII, em 1415, que viveu o chamado “Grande cisma do Ocidente”. E hoje, a sociedade espantada, acolhe com perplexidade a renuncia do Papa Bento XVI.
Diante deste acontecimento muitos questionamentos foram feitos pela mídia que em massa, e aos poucos, se imigrou aos arredores da Sé de Pedro, em Roma. Muitas suposições e comentários maledicentes foram proferidos ao Papa sem aos menos saber os verdadeiros motivos de sua renúncia. Em questão de minutos, e repleto de sensacionalismo algumas emissoras de TVs faziam uma análise fajuta da atual conjectura da Igreja Católica.
O Papa Bento XVI ao anunciar sua decisão aos cardeais, reunidos em consistório para a aprovação de novos santos, apontou alguns motivos que o induziu a tomar esta atitude. Segundo o Papa, após ter repetidamente analisado sua consciência perante Deus, ele teve a certeza de que suas forças, devido avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. Eis, a justificativa de sua decisão! Isto, não anula outros fatores, como por exemplo, a crise na Cúria Romana e tantos outros.
Mas, perante tal atitude, apresentam-se dois gestos: humildade e abnegação. Várias pessoas são capazes de balbuciar contra o apego ao poder, porém não capazes de abdicar. Já Bento XVI teve coragem e sinceridade em reconhecer sua fragilidade humana. Entretanto, este fato, abre duas perspectivas consideradas primeiramente como uma ruptura e outra como hermenêutica da história do catolicismo.
Após o dia 28, Bento XVI, deixa de governar o leme da barca de Pedro e torna-se Papa emérito ou bispo emérito de Roma. Neste período a Igreja vacante é governada pelo Cardeal Bertone, que é o Carmelengo. Com a vacância, os cardeais espalhados no mundo são convocados para o Conclave.
O período de eleição do novo Papa ou conclave inicia-se após 15 a 20 dias de vacância. A palavra conclave deriva do latim, cum chave, que significa com chave; isto é, uma reunião em clausura muito rigorosa de cardeais com o intuito de eleger o novo Papa. Atualmente o sacro Colégio é composto por 207 cardeais, entre os quais 117 são eleitores, ou seja, têm menos de 80 anos de idade.
Antes de ingressar na Capela Sistina para o conclave os cardeais se reúnem em uma Assembleia chamada Congregação Geral, onde vão discutir alguns assuntos polêmicos e perfilar um futuro candidato ao trono de Pedro. Segundo o cardeal Dolan o novo Papa tem que ser aquele que lembre Jesus.
Uma coisa é certa, o novo Papa será o sucessor do Apostolo Pedro e, sobretudo, católico. Terá muitos problemas, mas com sabedoria e aos poucos, vai delineando metas que
vão ajudá-lo a resolver coisas pendentes. Será um homem de muita fé e herdeiro de uma preciosa herança deixada pelos seus antecessores, os Papas João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI, a qual servirá de suporte na condução da igreja.
Enfim, este momento histórico de transição deve gerar dois sentimentos nos católicos: primeiro, um sentimento de gratidão; depois um sentimento de acolhida. Gratidão pelos oitos anos de pontificado do Papa Bento XVI. Acolhida ao novo Romano Pontífice que será escolhido, pela providência divina, para governar a Igreja nos próximos anos.
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