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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Nós precisamos, urgentemente, de exorcismo!


"Paulo VI queixa-se da fumaça de Satanás dentro do templo, quase a ocupar o espaço do incenso esquecido..."

Por Dom Manoel Pestana Filho*
O grande papa Leão XIII entrou no século XX ainda apavorado pela visão que tivera da formidável presença diabólica em Roma, “para a perdição das almas”. Desde 1886, mandara a todos os bispos rezar a oração a São Miguel Arcanjo, escrita por ele, de próprio punho, como também um exorcismo maior que recomendava a bispos e párocos para recitarem com frequência nas dioceses e paróquias.
“O século do homem sem Deus”, anunciado por Nietzsche, transforma-se no século de Satanás, que prepara o seu reino com a Primeira Guerra Mundial, implanta o comunismo ateu e tirânico, contra Deus e contra o homem, na revolução bolchevista de 1917, semeia a Europa inteira de ruínas e sangue com a Segunda Guerra Mundial, fruto dos poderes das trevas; invade toda a terra de ódio, terror, impiedade, heresia, blasfêmia e corrupção em guerras e revoluções sem trégua; insinua-se, de início, como fumaça, e, depois, implanta-se, poderoso, no seio da própria Igreja.
Tudo isto, Nossa Senhora confidenciara aos videntes de Fátima, exatamente no mesmo ano da tragédia russa; e o mesmo se diga do 3º capítulo do Gênesis, em que se pinta a vitória da serpente infernal e a presença de Maria, esmagando-lhe a cabeça.
A Cristandade continuou a rezar as orações de Leão XIII, estimulada pelos Papas. Pensadores cristãos como, por exemplo, Anton Böhm (Satã no Mundo Atual, Tavares Martins) e de La Bigne Villeneuve (Satan dans la Cité, Du Cèdre) denunciam a infiltração visível do demônio em todas as estruturas da sociedade. Bernanos surpreende-nos Sob o Sol de Satã.
De súbito, ao aproximar-se o último e temeroso quartel do século XX, contesta-se a existência dos anjos, desaparece a oração de São Miguel, suspendem-se os exorcismos, inclusive o do Batismo, mergulha no silêncio o ministério e a função do exorcista.
Paulo VI queixa-se da fumaça de Satanás dentro do templo, quase a ocupar o espaço do incenso esquecido, e amargura-se com a autodemolição da Igreja. Os seminários desaparecem, a teologia prostitui-se em cátedras de iniquidade, a liturgia reduz-se, com certa frequência, a uma feira irrelevante de banalidades folclóricas. A pretexto de inculturação, a vida religiosa desliza para o abismo.
“Os poderes do inferno não prevalecerão contra a Igreja”, é certo. Mas o próprio Senhor prediz o obscurecimento da fé, o esfriamento da caridade. A visão (do Inferno) de Fátima faz vacilar o otimismo ingênuo e irresponsável dos que apostam na salvação de todos, mesmo até dos que a recusam.
(…) Jesus começa a sua missão, tentado pelo demônio e a expulsão dos maus espíritos torna-se uma das notas mais relevantes da sua atividade messiânica. “Em meu nome expulsarão os demônios” (Mc 16,17), diz Jesus, ao despedir-se dos discípulos, notando que este será um sinal dos que crêem nele. E Satanás, pela ação dos Apóstolos, caía do céu como um raio… Quando os cristãos de todos os níveis, apesar dos Evangelhos e do Magistério, principiaram a duvidar da ação e, depois, da existência do espírito rebelde, aconteceu o que Jesus havia anunciado (Mt 14,44-45): expulso, ele volta para a casa “desocupada, varrida e arrumada”, mas indefesa, com sete espíritos piores do que ele, “e a condição final torna-se pior do que antes”, exatamente o que está a acontecer.
Hoje, não é só a fumaça de Satanás, penetrando por uma fenda oculta, mas o diabo, de corpo inteiro, que irrompe triunfalmente pelas portas centrais. Quem o vai exconjurar das nossas igrejas, das nossas residências episcopais e paroquiais, dos nossos centros comunitários, dos nossos seminários e universidades, dos Senados e das Câmaras Legislativas, dos Palácios do Governo e da Justiça, dos bancos e das bolsas, dos meios de comunicação, das escolas e hospitais, das consciências de todos nós?
E, não hesitemos: quem vai expulsar os demônios dos Palácios Pontifícios, das Congregações e Secretarias, das Nunciaturas, das Conferências Episcopais e Cúrias, dos Santuários e Basílicas, das ONU e dos Parlamentos, sem falar desse mundo “posto maligno”, que viceja “sob o sol de Satã”?
Nós precisamos, urgentemente, de exorcismo!

*Dom Manoel Pestana, Prefácio do livro “Um Exorcista Conta-nos” do Pe. Gabriele Amorth (Fonte:  GRAA)

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