Seis de maio
não é um dia qualquer!
Mesmo alguns
não sabendo ou não lembrando, neste numérico dia, precisamente em 1527, 147
guardas morreram heroicamente em defesa do Papa Clemente VII. 486 anos depois, 35
novos membros da Guarda Pontifícia fizeram seu juramento de fidelidade. Destes
35 constam: 28 alemães, 6 franceses e 1 italiano. Para ingressar na Guarda, não
é mais preciso ser suíço nato, mas possuir cidadania suíça.
Em que consiste o exército do Papa?
Inicialmente a
Guarda Suíça era um conjunto de soldados mercenários suíços, que combatiam por
diversas potências europeias entre os séculos XV e XIX em troca de pagamento.
Hoje só servem o Vaticano.
A Guarda Suíça
do Vaticano foi formada em 1506, em atendimento a uma solicitação de proteção
feita em 1503 pelo Papa Júlio II aos nobres suíços. Cerca de 150 nobres tidos
como os melhores e mais corajosos chegaram a Roma vindos dos cantões de
Zurique, Uri, Unterwalden e Lucerna. O seu comandante era o capitão Kaspar von
Silenen.
A batalha mais
expressiva foi em 6 de maio de 1527, quando as tropas invasoras imperiais de
Carlos V de Habsburgo, em guerra com Francisco I, entram em Roma. O exército
imperial era composto de cerca de 18000 mercenários. Em frente à Basílica de
São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda Suíça lutou contra
cerca de 1000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente formando um
círculo em volta do Papa Clemente VII visando protegê-lo e levá-lo em segurança
ao Castelo de Santo Ângelo. Faleceram 147 guardas, mas em contrapartida 800 dos
1000 mercenários do assalto caíram mortos pelas alabardas dos suíços.
O Papa Pio V
(1566-1572) enviou a Guarda Suíça para combater na Batalha de Lepanto, contra
os turcos. Com Pio VI a guarda foi dissolvida já que este Papa foi enviado para
o exílio por Napoleão. A guarda voltou a formar-se em 1801 e, em 1848,
desempenhou um papel decisivo na defesa do Palácio Apostólico frente aos
revolucionários nacionalistas italianos.
Quando a
Alemanha Nazi ocupou Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras
unidades que na época constituíam as formas armadas papais, como a Guarda Palatina,
foram colocadas em estado de alerta. Houve um aumento no número de postos de
vigia. Os guardas trocaram as alabardas e espadas por espingardas Mauser 98k,
baionetas e cartucheiras com 60 substituições de munição, como medida de
precaução. Embora as tropas alemãs patrulhassem o território italiano até à
Praça de São Pedro, não houve qualquer tentativa de invasão pela fronteira do
Vaticano nem qualquer confronto entre a Guarda Suíça e tropas alemãs. Nessa
altura a Guarda tinha apenas 60 homens, pelo que poderia apenas ter feito uma
resistência simbólica a qualquer ataque. No próprio dia em que os alemães
ocuparam Roma o Papa Pio XII deu ordens que proibiam a Guarda Suíça de derramar
sangue em sua defesa.
O atual
comandante da Guarda Suíça Pontifícia, Daniel Rudolf Anrig, jurista e chefe da
polícia criminal do cantão de São Galo (St. Gallen), entre 2001 e 2006, foi
designado por Bento XVI em substituição ao coronel Elmar Theodor Maeder.
Os guardas
assinam um contrato de dois anos e obtêm um soldo mensal de 1200 euros. São
celibatários (exceto os oficiais, sargentos e cabos) e é-lhes formalmente proibido
dormir fora do Vaticano. O seu alojamento é a caserna da guarda.
A vida
quotidiana é preenchida também com celebrações litúrgicas. A guarda dispõe de
uma capela onde oficia o Capelão do Exército Pontifício.
É a única
guarda do mundo em que a bandeira é alterada com cada novo chefe de Estado,
pois contém o emblema pessoal do Papa.
Uniforme oficial
O uniforme que
hoje a Guarda usa foi desenhado por Jules Répond (comandante no período
1910-1921) a partir do modelo que se atribui a Michelangelo por volta de 1505,
pelo que é considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo, e
muito mais vistoso, alegre e colorido que o do século XIX.
1. Na Páscoa,
no Natal e na cerimônia do ingresso de novos membros, uma armadura se soma ao
uniforme de gala, que consiste numa impressionante gola branca, luvas brancas e
capacete prata com a efígie do fundador Papa Júlio II e uma pena vermelha para
os alabardeiros (que portam uma lança), uma pena roxa para os oficiais e uma
pena branca para o comandante e o sargento. Além disso, a calça e camisa nas
cores azul e amarelo.
2. Durante os
treinamentos e trabalhos diários (incluindo a guarda noturna), usa-se um
uniforme totalmente azul com colarinho e punhos brancos.
3. No inverno e
sob a chuva é usada uma capa sobre o uniforme.
Os bateristas
usam um uniforme amarelo-preto com um capacete preto e penas amarelo-preto
durante suas performances.
A Guarda Suíça
não utiliza botas, sendo calçadas meias aderentes às pernas e presas à altura
dos joelhos por uma liga dourada, sendo eventualmente cobertas por polainas. Em
geral, o uniforme recorda o esplendor das cortes do Antigo Regime, e o orgulho
de ser soldado, combater e servir o Papa.
Cerimônia
Anualmente, em
06 de maio, aniversário da batalha contra os soldados de Carlos V, os novos
Guardas prestam o seu juramento da seguinte forma:
Primeiro o
juramento dos novos soldados da Guarda Suíça Pontifícia é lido, em nome de
todos, pelo Capelão do Exército Pontifício:
“Juro servir com fidelidade, lealdade e honra o Sumo Pontífice
Francisco e os seus legítimos sucessores, e dedicar-me a eles com todas minhas
forças, sacrificando inclusive, se necessário, a minha própria vida para
defendê-los. Assumo igualmente este compromisso relativamente ao Sacro Colégio
dos Cardeais durante a duração da Sé Vacante. Prometo ainda ao Capitão
Comandante e aos outros meus superiores respeito, fidelidade e obediência. Juro
observar tudo aquilo que a honra da minha posição exige de mim”.
Depois, cada
novo recruta é chamado pelo nome e ele, segurando com a mão esquerda a bandeira
com o brasão do Papa reinante e levantando três dedos da mão direita para o
céu, diz:
“Eu, N., juro por observar fiel, leal e honradamente tudo o que neste
momento eu tenho dito. Que Deus e os seus Santos me ajudem”.
Agradecimento: Apostolus Christi; Josue
Cornejo.
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