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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bento, homem da Comunicação Social


Há um ano estávamos todos atônitos com a surpreendente notícia da renúncia do Santo Padre Emérito Bento XVI. No intuito de prestar uma singela homenagem a esse grande homem, teólogo e pastor, pensamos em contemplar diversos aspectos de sua vida e de seu magistério, enfatizando elementos que por vezes se nos passam despercebidos. Desta maneira, contrariando o que muitos propagam injustamente a respeito de Bento XVI, desejamos neste artigo tratar da sua preciosa contribuição e da sua influência no que concerne aos meios de comunicação social.


Já o Beato João XXIII, quando convocara o Concílio Vaticano II (1962 – 1965), propusera um “aggiornamento”, isto é, uma atualização no modo de proceder da Igreja. Efetivamente, se podia perceber que a Igreja necessitava anunciar com maior propriedade a missão sublime e árdua deixada por Cristo: torná-lo conhecido, amado; batizar em seu nome (cf. Mt 28, 19). Isto significa que a missão de anunciar é mais que pura e simplesmente uma tarefa a ser cumprida. Faz parte da natureza da Igreja. Eis a verdade “tão antiga e tão nova” (cf. Sto. Agostinho in “Confissões”): “Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai” (cf. Fl 2, 11). 



Esse tesouro, entretanto, nós o carregamos em vasos de barro (cf. 2 Cor 4, 7). Ciente das limitações próprias deste “barro” que somos nós, a Igreja precisa periodicamente avaliar os métodos utilizados, com vistas a um sempre mais profundo e eficaz anúncio de Cristo.

Hoje dispomos de preciosas ferramentas para levar a cabo a evangelização. Temos os meios de comunicação social: o rádio, a televisão, a internet, etc.. Bento XVI deu-nos uma verdadeira lição de como utilizar tais meios sem, contudo, imiscuir-se de anunciar a verdade de Cristo na sua mais genuína expressão. Trata-se sem dúvida nenhuma de um homem que viveu com seriedade o seu lema: “Cooperatores Veritatis”. O conteúdo é o mesmo, é invariável, inviolável. Os métodos, porém, variam, adaptam-se às novas circunstâncias. 

Para exemplificar, basta trazer à memória a entrevista concedida por Bento XVI a Peter Seewald na Residência Apostólica de Castel Gandolfo. Foi o primeiro Papa a deixar-se entrevistar livremente, não fugindo às questões polêmicas e traçando um perfil para a Igreja no Novo Milênio, na superação dos desafios, na purificação das incoerências e no diálogo com o diferente. Dessa entrevista originou-se o livro “Luz do Mundo”, publicado em 2010. Além disso, Bento XVI foi o primeiro Papa a ter uma conta nas redes sociais, através da qual pôde levar ao conhecimento do público pequenos ensinamentos, inaugurando oficialmente uma nova forma de se fazer presente no cotidiano das pessoas.



É de particular beleza o diálogo que Bento XVI engendrou no dia 15 de Outubro de 2005, na Praça de São Pedro, com crianças que faziam sua Primeira Eucaristia. Soube ser simples e profundo, assemelhando-se a um avô com os seus netos. As crianças, curiosas, apresentavam suas questões, suas inquietudes e dúvidas, e Bento as respondia com delicadeza e compreensão.


Por fim, deixemos que ele próprio nos ajude a compreender a importância dos meios de Comunicação Social na perspectiva da fé mediante um trecho da Mensagem para o Dia da Comunicação Social de 2013: “Na realidade, os fiéis dão-se conta cada vez mais de que, se a Boa Nova não for dada a conhecer também no ambiente digital, poderá ficar fora do alcance da experiência de muitos que consideram importante este espaço existencial” (...) “A autenticidade dos fiéis, nas redes sociais, é posta em evidência pela partilha da fonte profunda da sua esperança e da sua alegria: a fé em Deus, rico de misericórdia e amor, revelado em Jesus Cristo” (...) “A aparição nas redes sociais do diálogo acerca da fé e do acreditar confirma a importância e a relevância da religião no debate público e social”.

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