Páginas

quinta-feira, 26 de junho de 2014

As últimas horas de um santo!


 
Em 26 de junho de 1975, levantou-se muito cedo como de costume, fez a habitual meia hora de oração e celebrou a Missa, por volta das 08 horas, era missa votiva de Nossa Senhora, na qual o sacerdote pede, na oração coleta, “a perfeita saúde da alma e do corpo.” Depois de um rápido café da manhã, encarregou dois dos seus filhos de visitarem uma pessoa, para que este se apresentasse a Paulo VI o seu testemunho de fidelidade e união. Queria fazer chegar ao Papa esta mensagem:


“Há anos que ofereço todos os dias a Santa Missa pela Igreja e pelo Papa [...] hoje mesmo renovei este meu oferecimento a Deus pelo papa.”


Às nove e meia partiu para Castelgandolfo, na Villa dele Rose, onde teria uma reunião familiar e formativa com as suas filhas do Colégio Romano Santa Maria. Era um dia de muito calor. Durante o trajeto rezaram o terço e conversaram animadamente.


“Vós tendes alma sacerdotal”, disse àquelas mulheres jovens, quando chegou. “Dir-vos-ei como sempre que venho aqui. Os vosso irmãos leigos também têm alma sacerdotal. Podes e deveis ajudar com essa alma sacerdotal e, juntamente com a graça do Senhor e o sacerdócio ministerial em nós, sacerdotes da Obra, faremos um trabalho eficaz [...]. Imagino que de tudo tiras oportunidade para conversar com Deus e com a sua Mãe bendita, nossa Mãe, e com São José, nosso Pai e Senhor, e com os nossos Anjos da Guarda, para ajudarem esta Igreja Santa, nossa Mãe, que está necessitada, que está passando tão mal no mundo, neste momento! Temos de amar a Igreja e o Papa, seja ele quem for. Pedi ao Senhor que o nosso serviço seja eficaz para a sua Igreja e para o Santo Padre”.


Passados uns vinte minutos sentiu-se mal. Calou-se. Sentiu vertigens. E teve de retirar-se a uma salinha para descansar uns minutos. Como não recompunha por inteiro, despediu-se, pedindo que lhe perdoassem o transtorno causado. Voltaram a Roma. Acompanhavam-no Pe. Álvaro Del Portillo, Pe. Javier Echevarría e o arquiteto Javier Cotelo. 


Chegou a Vila Tevere uns minutos antes do meio-dia. O padre saiu do carro com desenvoltura e semblante risonho. Ninguém suspeitava de nada além de uma ligeira indisposição. 


Passou pelo oratório e fez a sua habitual genuflexão: devota, pausada, com uma saudação a Jesus sacramentado. Dirigiu-se imediatamente ao quarto de trabalho. 


Entrou e, depois de dirigir um olhar cheio de carinho à imagem da Virgem – conforme seu costume e de todos na Obra – disse:


“Javi... Não me sinto bem!”


E caiu no chão.



Durante sua estadia no México, em 1970, havia contemplado uma imagem que representava a Virgem de Guadalupe entregando uma rosa ao índio Juan Diego. Tinha dito que gostaria de morrer assim: olhando Maria, enquanto ela lhe oferecia uma flor. E morreu como era seu desejo: saudando uma imagem da Virgem de Guadalupe. Recebeu das mãos da Senhora a rosa que abre o Amor as portas da eternidade. 




Adaptado do livro: São Josemaria Escrivá, de Michele Dolz. 

Ed. Indaiá - São Paulo: 2012.

Nenhum comentário: