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sábado, 8 de novembro de 2014

Burke foi pra Malta e não pra Marte!



Hoje pela manhã o Cardeal norte-americano Raymund Leo Burke foi retirado da condução do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica e conduzido ao cargo de Patrono da Soberana Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém de Rodes e de Malta.












I. Origem

Burke nasceu em 30 de junho de 1948, em Richland Center no estado norte-americano de Wisconsin. Estudou Filosofia no The Catholic University of America e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde também cursou seu doutoramento em Direito Canônico.  



Um dia antes do seu aniversário de 27 anos foi ordenado sacerdote, em 29 de junho de 1975, para o clero da Diocese de La Crosse, cujo Bispo era então Dom Frederick William Freking (1913-1998).

Como padre exerceu seu ministério sacerdotal em diversas paróquias da diocese, foi também professor do Seminário e Vigário Judicial.


Em 1994 São João Paulo II o nomeou Bispo Diocesano de sua própria diocese, La Crosse. Burke foi sagrado em 06 de janeiro de 1995, Festa da Epifania do Senhor e tomou passou canônica na festa da Cátedra de São Pedro, em 22 de fevereiro. Na sua diocese de origem permaneceu até dezembro de 2003, quando foi nomeado Arcebispo Metropolitano de St. Louis. Nesta Sé Metropolitana permaneceu até 26 de junho de 2008, quando Bento XVI o chamou a Roma.


II. A Cúria de Bento XVI

Levado a Roma para conduzir a Assinatura Apostólica, que cuida - dentre outras coisas - de alguns processos de nulidade matrimonial, das relações dos tribunais eclesiásticos e da Rota Romana, Burke se destacou como um excelente canonista. 

A Assinatura (ou Assignatura) Apóstolica é o mais alto tribunal eclesiástico da Igreja. Criado  no século XV o dicastério já foi conduzido por 37 eclesisáticos diferentes, sendo o primeiro o Cardeal Mafeo Barbereini, mais tarde eleito Papa com o nome de Urbano VIII. 

Foi na condução deste Tribunal que Burke foi criado Cardeal-Diácono por Bento XVI, recebendo a Diaconia de Santa Àgata dos Góticos, no consistório público de 20 de novembro de 2011.

Durante seu pontificado o hoje Papa-Emérito falou diversas vezes da chamada hermenêutica da continuidade ou reforma-da-reforma. O Cardeal Burke sempre se mostrou muito afinado com esta ideia, sendo chamado - diversas vezes, inclusive - para celebrar pontificais na forma extraordinária do Rito Romano. 

III. O fascínio pelo Rito Antigo

Em 2012, em entrevista ao Instituto Cristo Rei Sacerdote, Burke confessou que sua relação com o Rito de São Pio V se deu de maneira mais efetiva quando ele era Bispo de sua diocese natal de La Crosse. Logo que assumiu os trabalhos pastorais naquela porção do Povo de Deus, em 1995, um grupo de fiéis o procurou pedindo que concedesse um indulto para celebração da Santa Missa na forma chamada Tridentina.

Aqui vale lembra que, somente em 2008, com o Summorum Pontificum de Bento XVI a missa na forma "antiga" passou a ser universal, ou seja, para qualquer sacerdote que a desejasse celebrar. Antes disso, porém, a celebração se dava por uma especial permissão de cada bispo local. 

Foi diante da necessidade pastoral dos fiéis de La Crosse - e depois de St. Louis - que o Bispo Burke convidou os cônegos do Instituto Cristo Rei Sacerdote para se juntar as respectivas dioceses e celebrar a missa e os demais sacramentos na forma anterior ao Concílio Vaticano II. 

Na mesma entrevista o Cardeal confessa que houve muita rejeição, sobretudo, por parte do clero diocesano. Porém, a sua argumentação sempre se baseou no princípio da necessidade pastoral e do bem que a forma antiga do rito romano - hoje chamada forma extraordinária - fez a Igreja e mesmo a obra das vocações, inclusive a sua. 

O Cardeal Burke é inegavelmente um tradicionalista, porém, sempre deixou claro que jamais negou a grandiosidade do Concílio Vaticano II e a validade da Santa Missa a partir do Missal do Beato Paulo VI. Segundo o purpurado, na mesma entrevista, "os abusos que tiveram lugar depois do CVII, mas, que não foram ordenados pelo Concílio, aconteceram e nós precisamos restaurar certos pontos" entre os quais a beleza e dignidade da liturgia, além da centralidade do mistério ali celebrado.

Burke é um conhecido defensor da forma extraordinária do rito romano, do senso litúrgico e da beleza no sagrado. Foi, por diversas vezes, criticado e rechaçado pela sua íntima relação com a tradição. Muitos dos "tradicionalistazinhos" brasileiros não conseguiram ir além de seus belos paramentos e de sua capa magna. 




A  estética dos paramentos, a simetria do polifônico e do gregoriano, o apelo a beleza e a tradição era um meio pedagógico que Burke encontrou de dar catequese. Porém, lamentamos que muitos tenham permanecido na periferia da discussão e não tenham conseguido aprofundar o discurso além das rendas e dos brocados, das sete velas e da capa magna.


Apesar da sua positiva relação com o Rito Antigo o Cardeal Burke ficou taxado de um conservador tradicionalista (RadTrad) preocupado apenas com as aparências, com os panos e os fru-fru da liturgia. Pouco se ouviu o que ele disse!

IV. O Sínodo

No recente Sínodo sobre família, que ainda está em "andamento" podemos dizer, o Cardeal Raymond Burke se destacou como o nome mais conservador e o principal crítico da ala progressistas, sobretudo, quando publicamente se pronunciou contra, o que ele mesmo chamou, de Teorema Kasper.


O Cardeal norte-americano pediu, inclusive, que o Cardeal alemão Walter Kasper, conhecido como progressista e as vezes chamado de "o novo Martini" retirasse das discussões do Sínodo e de tantos outros os meios a possibilidade de conceder a Sagrada Eucaristia a casais de segunda união. Segundo Burke essa concessão seria equivalente a negar as palavras sobre a união de um casal. presente no evangelho de São Mateus. 


Burke disse ainda que as posições de Kasper, tidas como oficiais na mídia, estavam causando muita confusão entre os fiéis católicos e criando esperanças que não poderiam ser supridas sobre o que tange essa situação.


Sabemos que - ao menos nos meios midiáticos - se travou uma verdadeira guerra entre Burke X Kasper, conservadores X progressistas. Certamente todo esse alarde, aliado a imprudência do Cardeal norte-americano de se expor aos meios de comunicação, sobretudo, a uma série de redes de televisão americanas interessadas em seu posicionamento apressaram a sua remoção do Tribunal.






V. A Soberana Ordem de Malta

Com a elevação do Arcebispo Dominique Mamberti ao Tribunal da Assinatura Apostólica e a transferência de Burke para a ordem de Malta acontece algo que realmente era o oposto do contrário feito até então. 

Raymund é um jovem cardeal de 66, em pleno uso das faculdades mentais e de suas forças físicas w está sendo removido de um importante cargo da Cúria Romana para exercer uma função honorífica e simplesmente simbólica, junto a esta antiga Ordem, que congrega homens e mulheres em todo mundo, através de obras humanitárias. 

Alguns, mais críticos, acreditam que isso seja uma punição pelos seus posicionamentos contrários a um certo grupo dominante na atual Cúria Romana. Outros acreditam que se trata apenas de uma renovação nos ares dos gabinetes papais e outros ainda acreditam que Burke não deveria ter ido pra Malta, mas, sim pra Marte.



Fato é que o Cardeal Burke permanece residindo junto da Santa Sé, em Roma, onde está a sede da Ordem e continua sendo um expoente do conservadorismo em nosso tempo.

Tudo está consumado, não adianta chorar o leite derramado: O que está feito, está feito: 
consumatum est!

sábado, 1 de novembro de 2014

Duas comemorações, um só sentido



Neste fim de semana, é celebrada na Igreja duas importantes comemorações litúrgicas: no dia primeiro de novembro, a Solenidade de Todos os Santos, seguida pela Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos no dia dois de novembro.

A comemoração do dia de Todos os Santos originou-se, conforme registros, no século IV. A princípio, a liturgia reservava-se a recordar os mártires da terra. Mas foi o Papa Gregório IV que estendeu a comemoração em honra de todos os santos do orbe celeste.


Ao longo de seus dois milênios, a Igreja elevou à glória dos altares centenas de homens e mulheres que, durante suas vidas, materializaram a boa nova do Evangelho, aproximando-se fielmente da santidade pedida por Cristo.

No que tange a algumas confusões, muitas vezes propagadas por seguidores de profissões religiosas reformadas sobre a veneração aos Santos, o Catecismo da Igreja Católica elucida o tema, explicando-nos que não existe adoração aos santos dos Céus - como os fiéis também não adoram as mais diversas manifestações artísticas - mas sim, os veneramos e os admiramos por suas histórias de vida. 

O católico roga aos santos para que eles intercedam juntos diante do Trono de Deus, que é o "Operador" dos milagres.  Com efeito, respeitamos e muitas vezes nos espelhamos em tantos homens e mulheres que a seu tempo, em meio a tantas adversidades, se mantiveram fiéis à Fé de Cristo e foram capazes de renunciar aos apelos e desejos comuns e dominantes da sociedade. É esta força de vontade, reconhecida posteriormente como santidade - que só pode ser alcançada por dom e graça de Deus -, uma resposta do ser humano à iniciativa divina.

Assim, os santos foram capazes de tornarem-se o quinto Evangelho, um evangelho plenamente vivido e que todos nós ainda somos convidados a escrever com nossas próprias vidas.


Após o dia de Todos os Santos, celebramos a comemoração dos Fiéis Defuntos, quando a Igreja celebra em um só dia a memória de todos os seus fiéis que já encerraram sua peregrinação terrena. Neste dia recordamos, claro, nossos entes queridos que já nos deixaram, como também cabe a nós neste dia um olhar especial e diferente sobre a morte - o grande mistério e muitas vezes o grande temor dos seres humanos. Por essa experiência todos nós iremos passar, recordando, assim, a Jesus no Getsêmani, pedindo a Deus que Ele afaste o cálice, mas que prevaleça a sua vontade (cf. Mt 26,42). 

Ao contemplarmos a Paixão de Cristo, vimos que, embora receoso, Cristo enfrentou o desafio que se colocava à sua frente e venceu a morte, abrindo para nós o caminho da vida eterna. Por essa razão, não devemos temer o fim da vida terrena, pois este será apenas o caminho para realizarmos o pleno e definitivo encontro com Deus.


Portanto, neste fim de semana de Todos os Santos e de Todos os Fiéis Defuntos, formamos como que uma só festa, pela qual unimos a Igreja militante e peregrina nesta Terra e a Igreja triunfante dos Céus, para que roguem juntas pela Igreja sofredora e paciente, onde os fiéis defuntos estão à espera de contemplarem a glória da Jerusalém Celeste.


sábado, 16 de agosto de 2014

O Dogma da Assunção de Maria ao céus


"Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
Pio XII 

A Igreja no Brasil celebra neste domingo, 17 de agosto, a Festa da Assunção de Maria Santíssima ao céu, transferida do dia 15 de agosto. A assunção de Maria é um dogma de fé, proclamado por Pio XII em 01 de novembro de 1950.


I. Aspectos históricos

A Igreja professou unanimemente desde os primeiros séculos (V-VI) a sua fé na Assunção de Maria Santíssima em corpo e alma à gloria celestial. Porém, a tradição enraizada na cultura do povo só foi solenemente declarada como “dogma de fé” em 1950, por ordem de Sua Santidade o Papa Pio XII.

 
Pio XII é conduzido na sede gestatória para a solene proclamação do dogma
 
A promulgação do dogma se deu através da constituição apostólica “Munificentissimus Deus”, assinada e publicada em 01 de novembro de 1950. A definição dogmática foi antecedida por uma consulta ao episcopado do mundo inteiro, na qual o Papa – através da carta “Deiparae Virginis”, de 01 de maio de 1946 – consultava aos seus irmãos Bispos sobre a assunção de Maria.

Naturalmente a manifestação dos Bispos foi a mesma ao considerar que transcorridos seus dias na terra Maria Santíssima foi levada, em corpo e alma, para junto de seu Filho, o Redentor do Universo.

Desde a segunda metade do século XIX já haviam sido enviadas, de diversas partes do mundo, solicitações favoráveis a promulgação deste dogma. No Concílio Vaticano I (1869-1870) vemos que 204 padre conciliares haviam proposto a definição do dogma da Assunção de Maria.
O Papa Pacelli em certo trecho da constituição, diz: “Quando fomos elevado ao sumo pontificado, já tinham sido apresentadas a esta Sé Apostólica muitos milhares dessas súplicas, vindas de todas as partes do mundo e de todas as classes de pessoas: dos nossos amados filhos cardeais do Sacro Colégio, dos nossos veneráveis irmãos arcebispos e bispos, das dioceses e das paróquias.”

II. Dogma e o papel de Maria Santíssima na Salvação humana

Os dogmas são como setas que nos indicam o caminho certo por onde seguir. No dizer do Catecismo (n. 88) se entende que:

“O Magistério da Igreja faz pleno uso da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades contidas na Revelação divina ou quando propõe, de modo definitivo, verdades que tenham com elas um nexo necessário.”

O dogma é, portanto, uma doutrina na qual a Igreja: propõe uma verdade da fé de maneira definitiva, sendo está uma verdade revelada, de forma que obriga o povo cristão a crer nela, em sua totalidade, de modo que sua negação é repelida como heresia e estigmatizada com anátema.

Definidos pelo magistério da Igreja de maneira clara e definitiva, os dogmas são verdades de fé, contidas na Bíblia e na Tradição. Não se tratam de invenções novas, ou coisa apenas dos homens, de algum santo ou de algum Papa.
 
Os dogmas chamados marianos são quatro. Eles afirmam que Maria é:

- Theotokós, quando o Concílio de Éfeso (431) declarou a maternidade Santíssima de Maria, sendo ela a “portadora de Deus;”

- Virgem antes e depois do parto, embora fosse encarada como revelação dogmática, pela Igreja do Oriente e do Ocidente, a virgindade de Maria foi definida dogmaticamente apenas pelo Concílio de Trento, em 1555. Todavia, como indicam escritos de São Justino Mártir e Orígenes a virgindade já questão de fé desde o cristianismo primitivo;

- Imaculada Conceição, ou seja, que a concepção de Maria foi realizada sem qualquer mancha de pecado original, no ventre da sua mãe. Dessa forma, ela foi preservada por Deus do pecado desde o primeiro momento da sua existência, como apontam as palavras do Anjo Gabriel – "sempre cheia de graça divina" – kecaritwmenh, em grego. Essa doutrina foi definida dogmaticamente pelo Papa Pio IX na Constituição Ineffabilis Deus, em 8 de dezembro de 1854, e esta intimamente ligada ao dogma da Assunção;

- Assunta aos céus, sendo elevada ao céu de corpo e alma, após a sua morte.


Acreditamos que, quanto mais nos assemelhamos à Maria, mais temos condição de viver em união com Cristo. Essa é nossa experiência, como salienta São Luís Maria de Montfort – Maria é o caminho mais próximo, direto e imediato para encontrar-se com Jesus.

Na prática, quando as pessoas chegam à intimidade com Maria, não se dirigem a Ela por Ela mesma, mas para que possam chegar a Jesus. Pelo amor a Maria, pela vinculação a Ela, chegam a uma vinculação mais profunda e perfeita com Jesus. Porque imitar as atitudes e virtudes de Maria é fazer o que todo o cristão deve fazer, já que Ela foi pessoa mais próxima de Jesus, que mais aprendeu d'Ele. 


III. A festa litúrgica

A Assunção de Maria antes da solene proclamação do dogma, em 1950, era celebrada na chamada “dormição de Maria”, quando os cristãos – sobretudo do Oriente, e assim ainda permanece – celebravam a passagem da Mãe de Deus para o reino dos céus.

Na Igreja do Oriente a dormição era e é celebrada sempre em 15 de agosto, desde o século VI, e a festa é antecipada de 14 dias de jejum e intensa oração.

No Ocidente, além da herança oriental, a data da festa da Assunção está vinculada a memória chamada de Santa Maria de Agosto, celebrada em Portugal. Foi na véspera desta festa, no ano de 1385, que se travou a decisiva Batalha de Aljubarrota, na qual São Nunes Àlvares Pereira, Condestável de Portugal (canonizado por Bento XVI, em 2009), triunfou sobre o exército do rei de Castela, adepto do anti-Papa de Avinhão.

No Brasil quando o dia 15 de agosto ocorre em dia ferial à festa é transferida para o domingo seguinte.



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Parabéns, Eminência!

Dom Serafim Fernandes de Araújo, Arcebispo-Emérito de Belo Horizonte e Cardeal Presbítero de São Luís Maria Grignion de Montfort completa neste dia 13 agosto 90 anos de seu nascimento. 


Natural da cidade de Minas Novas, no Alto Jequitinhonha, Serafim fez seus estudos de Filosofia no Seminário de Diamantina. Ainda seminarista foi levado a Roma para cursar a Faculdade de Teologia, junto a Universidade Gregoriana, onde também obteve mestrado em Direito Canônico. 

Em 12 de março de 1949 na Basílica de São João do Latrão, a Catedral do Papa, foi ordenado sacerdote. Em meados de 1951 retornou ao Brasil onde exerceu diversas atividades pastorais até que em 19 de janeiro de 1959 foi nomeado Bispo Titular de Vewrinopoli e Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, aos 34 anos de idade. 

Em 07 de maio do mesmo ano ocorreu sua Sagração Epíscopal. O bispo ordenante foi Dom José Newton de Almeida Batista, falecido em 2001, então Arcebispo Metropolitano de Diamantina. Serafim assumiu como Auxiliar de Dom João Resende Costa, SDB e mais tarde, em 22 de novembro de 1982,  foi nomeado Bispo-Coadjutor com direito a sucessão.  

Assumiu a Arquidiocese de Belo Horizonte, como seu terceiro Arcebispo Metropolitano em 05 de fevereiro de 1986. Foi a frente desta importante diocese brasileira que foi Criado Cardeal por São João Paulo II, no Consistório público de 21 de fevereiro de 1998. Serafim foi único Cardeal que ocupou a Catedral de Belo Horizonte, acredita-se que sua criação deva-se ao contato íntimo que tinha com o Pontífice e por suas muitas contribuições sociais e culturais a sociedade mineira. 

Em março de 2004 passou a condução do báculo pastoral de Belo Horizonte para o atual Arcebispo, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, vindo de Auxiliar da Sé Primaz do Brasil. Atualmente o Cardeal Serafim reside em sua residência particular, no centro de BH. Permanece como forte influência eclesiástica e cultura da capital mineira e arredores, além de ser conselheiro do Atlético Mineiro.

Estão previstas duas homenagens para o Cardeal de nove décadas. Uma hoje a noite na belíssima Igreja de São José, no centro de Belo Horizonte e outra no próximo domingo, 17 de agosto, no Santuário de Adoração Perpetua da Arquidiocese na Serra da Piedade. 

Neste ano além dos 90 anos, Serafim completa 65 anos de Sacerdócio e 55 de episcopado. 

Parabéns, Eminência! 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Um santo sem faixa, mas, com joelhos

Certa vez estava reunido o grande clero de Lyon, na França. Todos os padres apresentaram-se da melhor maneira possível: batina engomada, faixa bem alinhada e ferrailo limpo. Entre eles, porém, destacava-se um pela pobreza de suas vestes. 

Ao observá-lo um velho Cônego da Catedral disse:

“Veja aquele padre sem faixa. Que coisa feia.”

O Bispo ao ouvir a exclamação retrucou, dizendo:

 “O Cura D’Ars sem faixa vale muito mais do que vocês com.”

 Assim era o pobre Padre João Maria Battista Vianney, o Cura D’Ars. 


 
Deus foi exilado da França.

Na pequena cidade de Dardilly, ao norte de Lyon, em 08 de maio de 1786 nasceu João Maria, quarto dos seis filhos de Mateus e Maria Vianney, uma família pobre de bens materiais, mas, rica em virtudes cristãs. 

A igreja paroquial de Dardilly havia sido fechada há algum tempo, por ordem do governo francês. O clero naquele país estava dividido entre “padres juramentados” e “não-juramentados”, ou seja, os de acordo ou não com a “Constituição Civil do Clero”, votada pela Assembleia dos Estados Gerais em julho de 1790, que subordinava totalmente a Igreja na França ao Estado e abolia as instituições de ensino e assistência social mantida por religiosos. Havia nesse período uma incitação à separação da Igreja Universal.

Sabe-se que mais da metade do clero francês foi contra a Constituição e que apenas oito Bispos prestaram o tal juramento. Os não juramentados foram perseguidos e, a partir de setembro de 1792, guilhotinados.

É neste contexto anti-clericalista que nasce o pequeno João Maria. Ele mesmo fez sua primeira comunhão numa casa de campo, em uma missa clandestina, quando já passava dos 13 anos de idade. 

Em 1789 a Revolução Francesa toma seu estopim. Deus estava exilado da França. 

Somente em 1800 as igrejas foram reabertas. Deus voltara, mas, muitos o tinham esquecido. Vianney promete a si próprio que o faria voltar aos corações da França neo-pagã.

Formação sacerdotal.

Em 1806, não distante de Dardilly, o padre Charles de Balley acolhia jovens que se apresentavam para a formação sacerdotal, antes de enviá-los para o seminário. João Maria se inscreveu para a “escola paroquial”, porém, ali havia um caso desesperador: ele já contava mais de vinte anos e mal e mal conhecia os primeiros rudimentos da leitura e escrita.

Desde os primeiros momentos entre o Padre Balley e seu jovem pupilo houve um relação profunda e uma amizade sincera.

Balley tentou ensinar latim ao jovem Vianney, mas ele não atingia os objetivos, em contrapartida era brilhante nos estudos da fé e da moral. Muitas foram as tentativas para que ele fosse admitido a algum seminário, porém, todas foram frustradas uma vez que ele não dominava a língua eclesiástica. 

Somente no início de 1815 foi que o padre Balley conseguiu que Vianney fosse entrevistado na sua presença, por um padre nomeado pelo Bispo. Na ocasião ele obteve êxito e sua ordenação sacerdotal foi marcada para 13 de agosto daquele mesmo ano.


O caminho do céu.

Após a Ordenação o Bispo de Lyon decidiu que ele ficaria na paróquia, junto do Padre Balley, e que não poderia administrar o sacramento da confissão. Em 16 de dezembro de 1817 morreu o velho pároco e João Maria foi transferido para Ars-em-Dombes.

Ars era uma pequena aldeia, com 40 casas e 270 habitantes. Como todos os pequenos aglomerados de camponeses da região não brilhava pela santidade. Ainda havia fé em Deus, mas escondida sob a cinza da ignorância religiosa e de uma prática moral que deixava muito a desejar.
João Maria chegou aquela localidade em 11 de fevereiro de 1818. Conta-se que ao se dirigir para lá encontrou um menino muito pobre, a quem disse: 

“Mostra-me o caminho de Ars e te mostrarei o caminho do céu.”

Ao chegar na pequena aldeia ele encontrou a capela abandona, sendo utilizada como estábulo para os animais. Sua primeira ação foi pôr “ordem na casa” e visitar todos os paroquianos, para que conhecessem o novo Cura de Almas. 
 
Merece especial destaque o zelo litúrgico de Vianney. Sabe-se que vivia como pobre, mas, que para o culto era esmerado nas melhoras alfais e nos melhores vasos. Dignos para o Senhor. Além do que seus sermões eram sempre preparados com esmero. Costuma-se dizer que quando terminava a predica dominical, já se punha a preparar a do próximo domingo.

Ars não era paróquia e só foi elevada a essa condição três anos depois da chegada de Vianney. Quando provou que aquela região era necessitada de Deus e que ele realmente possuía condições de guia-los para o céu.

Seu zelo pastoral revelou-se logo quando de sua chegada: visitou todos os paroquianos; criou uma escola para as crianças, ao qual chamou de “Providência”; Erigiu a Irmandade do Rosário para as mulheres e do Santíssimo Sacramento para os homens. Envolveu a todos em ações caritativas e de vivência religiosa.

Aos poucos Ars começou a mudar com a ação apostólica do novo Paróco. A tal ponto que em um dos seus sermões, Vianney exclamou: “Meus irmãos, Ars não é mais Ars!”.

 
O Apóstolo do joelho.

 A medida que seu trabalho ia expandindo-se a fama de santidade de Vianney ia crescendo. Muitos recorriam a ele no confessionário, o que fez com o que Bispo tivesse que nomear um Coadjutor e, mais tarde, um grupo de padres para auxiliar o pároco.

Vianney passava horas atendendo as dezenas, depois centenas e milhares de penitentes que ao seu confessionário recorriam. Só sai de lá para celebrar a Santa Missa e para adorar a Jesus no sacrário. 

A vitalidade de seu apostolado – sem qualquer sombra de dúvidas – tinha sua raiz nos joelhos do velho cura: Vianney passava cerca de quatro horas adorando a Jesus sacramentado.

O excessivo trabalho nunca fez do Cura de Ars um ativista pastoral. João Maria jamais deixou de rezar e rezar muito, além do que nunca se privou de severas mortificações e penitencias. Conta-se que durante longos anos alimentou-se apenas de batatas cozidas, com sal.

Em muitas ocasiões ele tentou deixar Ars e recolher-se para oração, em um mosteiro. Dizia sempre estar preocupado com a sua própria salvação. Todas as suas três suas tentativas foram frustradas. Numa das ocasiões de fuga ele foi reconduzido a força para a Paróquia, pelos próprios paroquianos.

Vianney aspirava a vida contemplativa, mas, era na ação pastoral que Deus o queria. Lá em Arsn-em-Dombes houve uma verdadeiro renovação eclesial: conversões, penitencias e muita oração trouxeram Deus novamente ao coração de toda a Aldeia e a França.

O exemplo deste santo sacerdote é, ainda hoje, o modelo da Igreja: o de um sacerdote dedicado ao povo de Deus, em nome de Cristo, na Igreja. Há quem considere o exemplo de Vianney um pouco ultrapassado ou impraticável nas grandes metrópoles pós-modernas, entretanto, Deus continua sendo exilado de nossa sociedade e o mundo aspira por sacerdotes santos, homens de oração, de piedade, de coração e alma verdadeiramente sacerdotal. 

Deus chamou Vianney para si, em 04 de agosto de 1859; sentiu-se mal quando ouvia a confissões. Relutou em deixar ou confessionário, mas, foi retirado de lá e colocado sobre a cama, onde morreu na paz do Senhor, reconfortado pelos últimos sacramentos e por uma multidão que rezava por ele na cidade.


São Pio X o beatificou em 1905, Pio XI o inscreveu no rol dos santos em 1925, ao mesmo tempo que o declaro patrono dos párocos e do clero diocesano. São João XXII, em 1959, por ocasião do centenário da morte de Vianney escreveu a encíclica Sacerdoti nostri primordia, sobre o sacerdote e Bento XVI, por ocasião do sesquicentenário da Morte do Cura D’Ars convocou um ano sacerdotal (2009-2010).

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Dom Crippa é Bispo de Estância!

A Diocese de Estância, no estado do Sergipe, já conta com um novo Bispo Diocesano. 
Sua Santidade o Papa Francisco nomeou na manhã de hoje, 09 de julho, 
Dom Giovanni Crippa como 4° Bispo daquela porção do povo de Deus.

Dom Crippa em sua Ordenação Episcopal

Dom Crippa nasceu em 6 de outubro de 1958 em Besana Brianza, na Arquidiocese de Milão (Itália). Estudou em Turim e na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde se formou em História Eclesiástica.

Em setembro de 1981 emitiu os votos religiosos no Instituto Missões Consolata e foi ordenado sacerdote em setembro de 1985. Chegou ao Brasil no ano 2000, onde desempenhou seu ministério da Arquidiocese de Feira de Santana (BA). Em março de 2012 foi nomeado Auxiliar da Arquidiocese de Salvador, recebendo a ordenação episcopal em maio do mesmo ano.

Estância é uma pequena diocese, sufragânea da Arquidiocese de Aracaju. Conta com 25 Paróquias e duas a serem criadas em breve. Em setembro de 2013 Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida, de 55 anos, anunciou que o Papa Francisco havia aceito sua renúncia à Estância por motivos de saúde. Ao mesmo tempo, a Santa Sé publicou a nomeação de Dom Galrão Leite de Almeida como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Salvador na Bahia e nomeou Dom Crippa como Administrador Diocesano.

Dom Crippa e Dom Galrão Leite de Almeida, nomeados agora, respectivamente, Bispo Diocesano de Estância e Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia.

Tomando posse como Administrador Diocesano sabe-se que ele intensificou os trabalhos e a presença junto a comunidade diocesana. Nos alegramos com a sua nomeação e nos unimos em oração a toda Diocese de Estância, afim que Dom Giovanni Crippa tenha um profícuo e santo pastoreio naquela região.

Dom Galrão Leite de Almeida em procissão pública realizada na cidade de Lagarto - SE, em razão das festividades de Nossa Senhora da Piedade no ano de 2011.

domingo, 29 de junho de 2014

Solenidade de São Pedro e São Paulo e imposição do Pálio Pastoral

Às 09 horas e trinta minutos, no horário romano, iniciou na Basílica de São Pedro a celebração da Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, com a imposição do Pálio Pastoral a 24 metropolitas de todo o Orbe.


Francisco, paramentado de maneira sóbria, porém, solene, ingressou – sob forte calor europeu - na monumental Basílica Romana. O olhar de milhares de cristãos, presentes ou não à Cidade Eterna, estavam voltados para aquele que celebraria o Santo Sacrifício da Missa, em honra de Pedro e Paulo, as colunas sob as quais está alicerçada à Igreja.



No último ano Francisco nomeou 27 novos Arcebispos Metropolitanos, dos quais 24 foram a Roma para, de suas mãos, receber o Pálio Pastoral. O pálio é um indumentária litúrgica que simboliza o vínculo das sedes metropolitanas a sede romana.

De fato, nesta celebração – como em tantas outras das quais o Baldaquino de Bernini já foi testemunha – se vê a universalidade da Igreja, reunida e congregada sob a guia de Pedro. 

Papa impõe o Pálio ao Arcebispo de Pouso Alegre
Os Arcebispos Metropolitanos são oriundos da Índia, Costa Rica, Escócia, Brasil, França, Estados Unidos, Nigéria, Paquistão, Áustria, Malawi, Madagáscar, Chile, Filipinas, Uganda, Uruguai, Tanzânia, Inglaterra, Vietnã, Polônia e Indonésia. 


Por motivos diversos dos 27 nomeados, três receberam o pálio em sua Sé, em Malawi, Mianmar e Alemanha.




Como de costume nesta celebração esteve presente também uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. O metropolita de Pérgamo, Ioannis Zizioulas, representou Bartolomeu na festa de São Pedro. Em 30 de novembro, Festa de Santo André, uma delegação católica romana irá a Istambul, na comemoração de seu patrono.

Hoje, pela primeira vez desde que foi eleito, Francisco utilizou um pálio sem adornos ou de tamanho diferente ao que é entregue aos metropolitas. Fez uso da chamada férula conciliar e do anel do pescador, recebido quando de sua entronização.

Papa impõe o Pálio ao Arcebispo de Porto Alegre
Na homilia o Papa destacou a importância de não ceder as malidiscências ou fofocas: "O Senhor nos pede para não perder tempo em conversas fúteis ou questões; não insistir em coisas pequenas, mas olhar para o essencial e siga-lo. "


A homilia foi centrada na ideia do medo e de tudo aquilo que nos aprisiona, porém, "Pedro percebe que o Senhor nos libertou do medo e correntes. Sim, o Senhor nos liberta do medo e de cada cadeia - disse o Papa -, para que possamos ser verdadeiramente livres ".




Na oração dos fiéis, a assembleia rezou-se em diversas línguas por variadas intenções: pela Igreja assente na rocha de Pedro (em russo), pelos novos arcebispos metropolitas (português), por todos os povos da terra e seus governantes (chinês), pelas pessoas pobres, solitárias ou idosas (francês) e pelos cristãos em geral (em língua iorubá, que se fala numa parte da Nigéria).




Nesta Festa de São Pedro e de São Paulo nos unimos ao sucessor de Pedro e a todos os Metropolitas que receberam o pálio pastoral. Rogamos ao Senhor que lhes cumule de muitas bênçãos do céus.

sábado, 28 de junho de 2014

O Pálio Pastoral e os Metropolitas


29 de junho, Festa de São Pedro e de São Paulo, o Santo Padre o Papa Francisco entregará o Pálio Pastoral a todos os Arcebispos Metropolitanos que foram nomeados no último ano, entre eles está o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, OFM e o de Pouso Alegre, Dom José Luiz Majella Delgado, CSsR.



Spengler, que é o mais jovem Arcebispo do Brasil com 53 anos, tomou posse da Arquidiocese de Porto Alegre em 15 de novembro de 2013, em celebração realizada na Catedral Metropolitana Madre de Deus.

Oriundo da Ordem dos Frades Menores (OFM) era desde março de 2012, quando foi ordenado, era Bispo-Titular de Patara e Auxiliar da Sé gaúcha. Sua sucessão a Dom Dadeus Grings, o antigo metropolitana, aconteceu dois anos após a renúncia do velho prelado.

Seu lema episcopal é "In cruce gloriare" - Gloriar-se na Cruz.








Dom Majella Delgado nasceu em Juiz de Fora e tem 60 anos de idade.

Ainda criança fez-se religioso na Congregação do Santíssimo Redentor, os redentoristas. Foi ordenado sacerdote em março de 1981.

Em dezembro de 2009 o Papa-Emérito Bento XVI o nomeou Bispo da Diocese goiana de Jataí, ainda vacante. Sua sagração episcopal se deu em 27 de fevereiro de 2010. 

Em 28 de maio foi nomeado para a Sé Metropolitana de Pouso Alegre, Minas Gerais. Atualmente é também o Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB.

Seu lema episcoal é: “Servir por amor”.


O pálio é uma insígnia de lã branca, de 05 centímetros de largura e formada por dois apêndices, que comporta em si 06 pequenas cruzes bordadas em lã preta. A história desta antiga indumentária remonta ao Império Romano, mas, sua estrutural atual em forma de “Y” já poderia ser observada em representações do século VIII.

O pálio que é entregue aos Arcebispos Metropolitanos, ou seja, aqueles que possuem e estão à frente de uma diocese, quer representar a unidade dos bispos, espalhados nos cinco continentes, com o sucessor de Pedro, o Papa.

O pálio, feito da lã, quer também indicar a missão do Arcebispo como pastor, que carrega em seus ombros o rebanho a ele confiado, a ovelha ferida e desgarrada que é conduzida sob os ombros a exemplo de Jesus, que é sumo sacerdote e bom pastor.


















Segundo uma antiga tradição no dia 21 de janeiro, quando celebra-se Santa Inês (que em latim se escreve Agnes e significa cordeiro) o Papa dá a bênção a duas pequenas ovelhas que são entregues a uma grupo de religiosas beneditinas residentes ao mosteiro de Santa Cecilia in Trastevere, cuja abadessa presencia a bênção. Lá as ovelhas são tosquiadas e se procede a tecelagem para a confecção dos novos pálios.















Depois de prontos, no dia 24 de junho, na festa de São João Batista aquele que anunciou o Cordeiro de Deus, os pálios são colocados em uma urna que é depositada sob a tumba de São Pedro, tornando-se assim uma relíquia de terceiro grau. Lá as insígnias permanecerão até a missa da manhã do dia 29 de junho quando o Papa imporá o pálio a todos os Arcebispos Metropolitanos, que são Bispos Diocesanos espalhados por todo mundo.



Depois da entrega os bispos retornam as suas dioceses portando o pálio pastoral. Ele será utilizado nas celebrações litúrgicas – como a Santa Missa – dentro de qualquer diocese de sua circunscrição eclesiástica, ou seja, da sua Arquidiocese e das Diocese que possui como suas sufragâneas e sob as quais ele exerce o papel de referência da comunhão com a Igreja Católica, na sua união com o Bispo de Roma, que é o Papa. (Cânon 437 § 2º do CDC)


No caso de renúncia o Arcebispo passa a não fazer mais uso do pálio. No caso de transferência ele pedirá ao Santo Padre um novo pálio, que lhe será novamente entregue. Todos os Arcebispos Metropolitanos, mais o Patriarca Latino de Jerusalém e o Decano do Colégio de Cardeais possuem o direito de portar o pálio.


Na América, na África, na Ásia, na Oceania e na Europa – em todos os cantos do mundo – o pálio é o sinal da unidade com Pedro, que nos governa na caridade. O Bispo, como pai e pastor, nos conduz como ovelhas em seus ombros. Portanto, o pálio não é uma simples indumentária ou uma condecoração, mas, é um sinal claro e visível do nosso desejo sempre crescente de formar unidade e criar comunidade em Cristo Jesus.



quinta-feira, 26 de junho de 2014

Faleceu o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti.

Faleceu no início da tarde de hoje, 26 de junho,
o Arcebispo Metropolitrano de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti.


O Arcebispo de 74 anos veio a falecer em sua residência, por volta das 13h40min de hoje. A informação oficializada pela Arquidiocese de Curitiba, foi divulgada em nota oficial pelo site.
Dom Moacyr nasceu em 30 de novembro de 1940, na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, onde foi o 4° Bispo, e desde maio de 2004 guiava a Arquidiocese da Capital do Paraná.

Entrou para o Seminário dos Estigmatinos em 17 de janeiro de 1953. Estudou em Ribeirão Preto, fez o noviciado em 1960 e a primeira profissão religiosa no município Casa Branca/ SP. Cursou Filosofia e Teologia no Instituto Estigmatinos de Campinas. Fez sua profissão perpétua em 9 de dezembro de 1963 e foi ordenado sacerdote na Capela da Santíssima Trindade, em Campinas/ SP, em 16 de dezembro de 1967.

Trabalhou por seis anos na Pastoral Vocacional e foi conselheiro provincial. Depois, por mais seis anos foi vice-geral da Congregação dos Estigmatinos em Roma e em seguida provincial da Província de Santa Cruz no Brasil.

Doutorou-se em Teologia na Universidade Angelicum, de Roma. Sua nomeação como bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba ocorreu no dia 18 de novembro de 1987. A ordenação episcopal realizou-se em Americana/SP no dia 3 de janeiro de 1988.


A nomeação de bispo diocesano de Piracicaba/SP ocorreu no dia 15 de maio de 2002, no ano Jubilar de Ouro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. Em 19 de maio de 2004, Dom Moacyr foi nomeado arcebispo de Curitiba, tomando posse como quinto Arcebispo no dia 18 de junho na Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
Atualmente era o presidente do regional Sul II da CNBB e Chanceler da PUC-Curitiba.


Em breve maiores informações.

V. Réquiem ætérnam dona ei, Dómine!
R. Et lux perpétua lúceat ei.
V. Requiéscat in pace!
R. Amen.



Dia 27 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, é celebrado o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Em preparação para a data, o arcebispo de Palmas, no estado do Tocantis, e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, Dom Pedro Brito Guimarães, publicou uma mensagem a todos os sacerdotes.










Mensagem para o dia de oração pela santificação dos sacerdotes


Caríssimos irmãos sacerdotes,



Tenho Sede!



Todo ano, a Igreja promove a Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, por ocasião da festa do Sagrado Coração de Jesus que, neste ano, será no dia 27 de junho. Neste dia, ela convida todo o povo de Deus de nossas comunidades eclesiais, bem como as pessoas de boa vontade, para rezarem pelos seus sacerdotes para que, fiéis aos compromissos assumidos no dia da ordenação presbiteral, tenhamos uma vida íntegra e santa, de íntima e profunda comunhão com Jesus. Pois somente assim poderemos amar verdadeiramente o rebanho do Senhor que nos foi confiado.



A santidade, além de ser um projeto pessoal de vida, deve ser também um projeto pastoral. São João Paulo II, no ano 2000, assim se expressou: “em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para onde deve tender todo o caminho pastoral é a santidade” (NMI 30). E o apóstolo Paulo: “A vontade de Deus é que sejais santos” (1 Ts 4,3). Tudo na vida e na missão de um sacerdote deve ter a marca da santidade. Sem santidade, estamos sem horizonte, não somos nada, não valemos nada e não fazemos nada de bom.



No Cenáculo, durante a Última Ceia, ao instituir a Eucaristia, o mandamento do amor fraterno e o sacerdócio ministerial, Jesus, o Santo e a fonte de toda santidade, revelou aos seus discípulos um dos seus desejos mais profundos: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, e vós, os ramos” (cf. Jo 15,4-5). Permanecer em Jesus é a alegria verdadeira de nossa vida. Sem Ele, tudo em nossa vida emudece e perde sentido. Pois, foi Ele mesmo quem disse: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Decorrem desta íntima união com Jesus Cristo a conversão pessoal e pastoral, a solicitude pastoral pelos pobres e sofredores e o ardor missionário. Em outras palavras, a santidade.



Hoje, mais do que em tempos passados, o sacerdote deve ser o homem de Deus. Aquele que não se mantiver firme na fé, alegre na esperança, perseverante na oração e firme nas tribulações (cf. Rm 12,12), terá vida breve e estéril.Na realidade atual, perdemos muito daqueles papéis sociais de destaque que, em tempo de cristandade, os nossos antepassados tinham. Além do mais, com o advento dos potentes meios de comunicação, as nossas fragilidades e feridas aparecem com maior clareza, exigindo de nós mais coerência de vida e testemunho de santidade. Precisamos sempre ser pastores identificados com Jesus e com sua Igreja, pobre e para os pobres. Precisamos ser sacerdotes acolhedores, solidários, fraternos com os irmãos, encantados e apaixonados pela missão. Enfim, precisamos de sacerdotes santos. Sem a lógica da santidade, o ministério sacerdotal vale muito pouco e não passa de uma simples função social.



Neste sentido, é mister recordar o que o papa Bento XVI disse certa vez: "existem algumas condições para que haja uma crescente harmonia com Cristo na vida do sacerdote: o desejo de colaborar com Jesus para propagar o Reino de Deus, a gratuidade no serviço pastoral e a atitude de servir".O encontro com Jesus deixa o sacerdote fascinado, encantado e apaixonado por sua pessoa, suas palavras e seus gestos. É como ser atingido pela irradiação de bondade e de amor que emanam d’Ele, a ponto de querer ficar com Ele como os dois discípulos de Emaús. Cada sacerdote deveria diariamente pedir a Jesus: “Fica conosco, pois já é tarde e à noite vem chegando” (Lc 24,29). Quem se encanta por Jesus, entra em sintonia e em amizade íntima com Ele, e tudo passa a ser feito como agrada a Deus. Ser sacerdote não é mérito nosso. É um dom a ser vivido na companhia de Jesus com gratidão e generosidade.



E acrescenta o papa Bento XVI: "o convite do Senhor para o ministério ordenado não é fruto de mérito especial, mas é um dom a ser acolhido a que se corresponde dedicando-se não apenas a um projeto individual, mas ao de Deus, totalmente generoso e desinteressado. Nunca nos devemos esquecer, como sacerdotes, que a única subida legítima rumo ao ministério do pastor não é aquela do sucesso, mas a da cruz”.



Cai bem aqui o que disse o papa Francisco: “Conscientes de terem sido escolhidos entre os homens e constituídos em seu favor para esperar nas coisas de Deus, exercitem com alegria e com caridade sincera a obra sacerdotal de Cristo, unicamente com a intenção de agradar a Deus e não a si mesmos. Sejam pastores, não funcionários. Sejam mediadores, não intermediários”.



O coração do sacerdote é um coração sempre aberto para amar, acolher, celebrar e agradecer. Permitam-me, amados de Deus, concluir esta mensagem reportando, mais uma vez, ao que disse recentemente o papa Francisco sobre a necessidade de amar e santificar a nossa vocação sacerdotal. Diz ele: “Os sacerdotes, mais do que estudiosos, são pastores. Não podem nunca se esquecer de Cristo, seu primeiro amor, e devem permanecer sempre do seu lado.Como está hoje o meu primeiro amor? Estou enamorado como no primeiro dia? Estou feliz contigo ou te ignoro? São perguntas que temos que fazer com frequência diante de Jesus. Porque Ele pergunta isso todos os dias, como perguntou a Pedro: Simão, filho de João, tu me amas? Continuo enamorado de Jesus como no primeiro dia ou o trabalho e as preocupações me fazem olhar para outras coisas e esquecer um pouco o amor”?



Caríssimos, tenhamos sempre diante dos nossos olhos o exemplo e Jesus, o Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir e para procurar a ovelha, a moeda e filho perdidos e salvá-los (cf. Lc 15,4ss). Prometo, no dia do Sagrado Coração de Jesus, rezar de modo especial por todos vocês, sacerdotes do Senhor, a fim de que a vida e o ministério de vocês sejam vividos na alegria do Evangelho que nos liberta do pecado, da tristeza, do vazio interior e do isolamento. Peço também que todos os cristãos católicos façam momentos de oração, de adoração e súplica, pessoalmente ou reunidos em comunidade, implorando a Deus pela santificação dos nossos sacerdotes, tesouro precioso saído do Coração de Jesus. Que Maria, mãe dos sacerdotes, nos ajude a ter um coração manso e humilde como o Coração do seu Filho.



E todos, em uníssono, num só coração e numa só alma, possamos dizer: Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós! Amém!



Dom Pedro Brito Guimarães

Arcebispo de Palmas 
Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada