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terça-feira, 30 de junho de 2009

Caritas in veritate


Cidade do Vaticano, 29 jun (EFE).- O papa Bento XVI confirmou hoje que sua terceira encíclica, titulada "Caritas in veritates" (Caridade na verdade), leva a data de hoje, 29 de junho, festa de São Pedro e São Paulo, padroeiros da Igreja Católica Apostólica Romana.

O papa falou assim perante milhares de fiéis que assistiram na praça de São Pedro do Vaticano a reza do Angelus. Segundo o pontífice, a publicação da encíclica "está próxima".

"Caritas in veritates", disse o papa, retoma os temas sociais contidos na encíclica "Populorum progressio", de 1967, escrita por Paulo VI.

Bento XVI ressaltou que pretende "se aprofundar" em alguns aspectos do desenvolvimento integral do homem nesta época e defende um "progresso sustentado, em pleno respeito à dignidade humana e às exigências reais de todos os seres humanos".

À espera de conhecer o texto, o papa disse recentemente que o documento frisa os valores que os cristãos "promovem e defendem sem descanso" em defesa do homem, "necessários para que se possa realizar uma convivência humana verdadeiramente livre e solidária".

Sobre a data de publicação, a imprensa italiana assegurou este fim de semana que pode sair em 6 ou 7 de julho, coincidindo com a reunião em L'Aquila (Itália) do Grupo dos Oito (G8, que reúne os sete países mais desenvolvidos do mundo e a Rússia)

Fontes do Vaticano assinalaram hoje que ainda não foi fixada a data de apresentação, já que o texto ainda não foi traduzido completamente a alguns idiomas importantes.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Dom Roberto Francisco Ferrería Paz

Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo-Auxiliar da Arquidiocese de Niterói


Dom Roberto Francisco Ferrería Paz (Montevidéu, 5 de junho de 1953) é um bispo católico e auxiliar da Arquidiocese de Niterói.

Filho de Roberto Angel Ferrería e Glória Paz de Ferrería. Fez seus estudos de Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão. Os estudos de Teologia, junto ao Instituto de Teologia e Ciências Religiosas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e também no Instituto Teológico da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Obteve uma especialização em História, na Universidade de Montevidéu, e o Mestrado em Direito Canônico, no Instituto Superior Arquidiocesano de Direito Canônico do Rio de Janeiro. Além disso, tem especializações em Notariado Eclesiástico, Direito Matrimonial Católico, Aperfeiçoamento para juízes e funcionários de Tribunais Eclesiásticos, Bioética, Ética em Pesquisa, Espiritualidade, Bioética e tradições religiosas.

Foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1989 e incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre. Nos anos de 1990 e 1991 foi vigário da Paróquia São Luiz Gonzaga, em Porto Alegre.
O sacerdote atuou como conselheiro do Serviço Interconfissional de Aconselhamento, (SICA); diretor espiritual regional do Encontro de Casais com Cristo (ECC), desde 1995, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; representante católico do Grupo de Diálogo inter-religioso de Porto Alegre, professor de Direito Canônico e de Direito Eclesiástico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e do Instituto Teológico São João Vianney (CETJOV), no Seminário de Viamão, de 1990 a 1996.

Foi membro do Conselho de Presbíteros e do Colégio de Consultores da arquidiocese de Porto Alegre, delegado arquidiocesano na Comissão Regional de Ecumenismo, coordenador de Pastoral da Área Petrópolis, secretário do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Cardiologia, de Porto Alegre; porta-voz da Arquidiocese de Porto Alegre, assistente eclesiástico do Jornal Novo Milênio, assistente eclesiástico da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa.

Padre Roberto participou de entidades e Organizações Não-Governamentais. Foi membro fundador do Movimento de Profissionais Católicos, da Associação de Juristas Católicos, do Grupo de Diálogo inter-religioso em Porto Alegre e membro da Associação Brasileira de Canonistas.
Juiz do Tribunal Eclesiástico, de 1990 a 2006 e Vigário Judicial do Tribunal Interdiocesano Regional de Segunda Instância, desde 2006. Foi presidente da Comissão Arquidiocesana para as Comunicações Sociais.

De 1992 a 2007, foi pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Porto Alegre.
No dia 19 de dezembro de 2007 foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Niterói com a sede titular de Accia.

No dia 22 de fevereiro de 2008 foi ordenado bispo na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, por Dom Alano Maria Pena. Dom Roberto escolheu como lema de vida episcopal: In libertatem vocati estis.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Entrevista com Dom Antonio Carlos Rossi Keller

Por: Wescley Luís de Andrade
Fonte: Salvem a Liturgia


Segue abaixo uma entrevista feita a Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen - RS, sobre alguns aspectos da liturgia.

Vale a pena conferir o que diz este grande Bispo, que em palavras, bem como em gestos nos demonstra o seu zelo e amor pela Igreja e pela liturgia.


1. Como V. Excia. vê hoje a questão da liturgia no Brasil e no mundo?

Vejo que estamos em um momento crucial, onde se deparam duas visões: a da continuidade, na fidelidade à longa Tradição Litúrgica da Igreja e a da descontinuidade, defendida por grande parte dos liturgistas em exercício. Esta segunda visão, a meu ver, constitui em um grave risco para a "lex orandi", já que, em geral fundamenta-se em posturas inaceitáveis em relação à "lex credendi". Ou seja, a meu ver o grande problema da Liturgia hoje é, antes de tudo, um problema de fé, ou melhor, da falta de fé.

2. João Paulo II, em sua Ecclesia de Eucharistia, falava de "sombras" no modo como a Missa é celebrada. Como interpretar a expressão de Sua Santidade?

A meu ver, o Servo de Deus, o Papa João Paulo II referia-se ao absurdo da idéia de uma liturgia "a ser construída pela comunidade local" como ainda hoje propugnam muitos leigos, sacerdotes e bispos. Esta visão outorga à comunidade local (pior ainda, a alguns ou a alguém desta comunidade) a suprema autoridade em decidir o "como deve ser a celebração litúrgica", favorecendo às aberrações já tão sobejamente conhecidas. O resultado de tudo isto, que popularmente leva o nome de uma liturgia "inculturada", é, na verdade, simples e pura aberração, violência às normas mais elementares da autêntica liturgia da igreja, o predomínio de um subjetivismo que pretende utilizar a Liturgia como um instrumento para impor visões ideológicas de pessoas ou grupos.

3. Qual a importância do latim na celebração litúrgica? E do canto gregoriano?

O latim tem seu lugar na vida litúrgica da Igreja como garantia da integridade da fé, manifestada nas celebrações litúrgicas. Não é a toa que todos os livros litúrgicos tem como ponto de referência as edições chamadas de "typica". O gregoriano, por sua vez, constitui um rico patrimônio espiritual que não pode ser, simplesmente, jogado pela janela. Tanto o latim como o gregoriano nos servem como elo em relação à riquíssima Tradição Espiritual e Litúrgica da Igreja

4. É possível resgatar um uso mais regular do idioma latino mesmo na forma ordinária do rito romano, no chamado "rito moderno” esse que usamos em nossas paróquias? Como dar os passos para isso?

Penso que sim, dêsde que se fuja da pura visão folclórica, ou de um saudosismo, a meu ver tão prejudicial como são os abusos cometidos na liturgia. O latim expressa a universalidade da Igreja, sua catolicidade, que é mais do que uma simples questão geográfica: a Igreja é a Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo, aberta a todas as geografias, a todas as culturas, a todas as épocas. Ora, isso exige, da parte de quem integra a Igreja, uma visão universal, aberta, não "paroquial". O latim abre esta perspectiva de universalidade. O grande problema será sempre não uma simples questão de pronunciar bem, corretamente o latim, mas de abrir-se à catolicidade da igreja, sentir-se cidadão universal dela, pronto a aceitar em seu seio todas as realidades espirituais e humanas dignas. O uso do latim faz-nos compreender como nós, católicos, onde quer que estejamos, temos a mesma fé e celebramos os mesmos sacramentos.Praticamente, penso que, antes de se começar a celebrar em latim, nas Paróquias, seria preciso deixar bem claro, para o povo, a razão disso... Senão, tudo não passa de uma simples questão de estética linguística, de uma busca de um "purismo" litúrgico que cria a mentalidade se fazer parte de uma casta especial na igreja (os que entendem latim...), que seriam aqueles que participam da Santa Missa em latim...: o restante dos comuns católicos continuariam na ignorância e na mediocridade litúrgicas...

5. E quanto à forma extraordinária do rito romano, o "rito tridentino"? Como vê V. Excia. esse aumento dos pedidos dos leigos para que se a celebre?

Vejo o rito extraordinário como êle o é: extraordinário. Não posso aceitar que as bases colocadas pelo episcopado do mundo todo, reunido em Concílio, tenham sido inválidas ou injustas. Quando criança, ajudei muitas vezes a Santa Missa no atual rito extraordinário. E algumas vezes, infelizmente, não saia edificado da Missa: muita pressa, palavras engolidas, atropeladas, distrações, etc. Ora, isto leva-me a pensar que a questão não está tanto no Rito usado (apesar que o rito ordinário poderia, talvez ser um pouco melhorado, favorecido), mas o que conta mesmo é o espírito com o qual deve-se celebrar, seja lá em que rito for... Penso que os pedidos suscitados pela abertura oferecida pelo Santo Padre, são, em sua imensa maioria, justos, já que as pessoas não suportam mais tantos abusos... Penso também que o aumento dos pedidos de celebrações na forma extraordinária não deve diminuir as exigências para que se celebre dignamente na forma ordinária.

6. Dizem que em dioceses e instituições que prezam a liturgia bem celebrada, de acordo com as rubricas, com incentivo ao canto gregoriano, à polifonia sacra, a um canto popular mais sóbrio, ao latim, às celebrações mesmo em vernáculo bem sacrais, há um aumento de vocações. Isso é verdade? Como V. Excia. analisa esse fenômeno?

Não posso ainda afirmar categoricamente isto. Estou fazendo por aqui um grande esforço para que não somente na Catedral Diocesana, ou onde o Bispo estiver se celebre bem, mas que em todas as Paróquias exista este princípio. Para poder responder de forma taxativa e afirmativa a esta questão, preciso de mais tempo. Estou aqui tão somente há menos de um ano. Mas, pessoalmente, acredito piamente nesta realidade.

7. O episcopado brasileiro percebe a importância do latim, da posição "versus Deum", do canto gregoriano?

Não. Gostaria de salientar que não compartilho com esta oposição entre "versus populum" e "versus Deum". Sinceramente, não vejo esta oposição na forma ordinária do Rito Romano. A meu ver, toda a Missa "versus populum" será sempre, fundamentalmente, "versus Deum".

8. Há ainda muita confusão no clero, no episcopado e o laicato, achando que "Missa em latim" é apenas a Missa "tridentina"?

Absoluta confusão. Pior que isto, há um forte preconceito generalizado entre os padres e os senhores bispos do Brasil em relação ao uso do latim, na liturgia.

9. V. Excia. tem se destacado na promoção do adequado culto litúrgico. Tem enfrentado resistências? Como resolvê-las? Vê algum sinal de esperança?

Não enfrento nenhuma resistência em relação aos meus padres, que são todos muito bons e dedicados, desejosos de fazerem o que é certo. Estamos em constante diálogo, fundamentado na paciência e no respeito mútuo. Penso que este deva ser sempre o princípio normativo, não só em relação à liturgia, mas em todas as questões: a caridade e o respeito por aqueles que generosamente servem a Cristo,à Igreja e ao Povo Santo de Deus. A meu ver, se mais não conseguem oferecer, é porque pouco receberam. Cabe, pois, ao bispo, além de dar exemplo, proporcionar os meios para que as coisas melhorem, mas sempre com respeito e caridade. Recuso-me a governar a Diocese por meio de Decretos, que só servem para, na maioria dos casos, fazer o Bispo cair na tentação da vanglória e de imaginar que todos o obedecem na Diocese. Prefiro o caminho do exemplo e do diálogo.

10. O que V. Excia. pensa da tão falada "reforma da reforma"? Considera que as duas formas do rito romano irão, um dia, se fundir, com os melhores pontos positivos de cada uma? O que V. Excia. sugere em um eventual "rito romano unificado"? O que, da forma extraordinária, consideraria por bem estar presente também na forma ordinária? Alguma sugestão para a implementação da "reforma da reforma"?

Sou um pastor, não um liturgista ou um teólogo, no sentido próprio destes termos. Portanto, como Bispo, obedeço aquilo que a Igreja me indica. Não sei dizer qual será o futuro da liturgia: procuro viver e ensinar a viver com fidelidade as Normas Liturgicas atuais. Aquilo que a Santa Igreja, através de suas legítimas autoridades indicar neste sentido, terá sempre minha pronta e absoluta adesão.

11. Como V. Excia. enxerga a grande migração que muitos leigos, inclusive jovens, fazem em direção a grupos que, embora conservem a liturgia tradicional, a forma extraordinária, não estão em plena comunhão com Roma? O que fazer para solucionar o problema?

A razão desta migração, certamente, em alguns casos é uma sincera busca de algo mais consistente do que simples agitação, batucadas e bailes impropriamente tidos como litúrgicos. As pessoas que buscam a Deus não querem viver experiências que podem dar ou não dar certo. Ninguém gosta de ser cobaia... Assim, quando se oferece algo de qualidade, com garantia de que de fato funciona, as pessoas sentem-se mais seguras em buscá-las.Contudo, a meu ver, nem todos aqueles que buscam estes ambientes tradicionalistas, tem retidão de intenção. Há muita gente desequilibrada por aí, buscando experiências místicas não corretas. Muitos destes que buscam este universo tradicionalista, aí não permanece... não é um fato, por exemplo, o número crescente também de sedevacantistas nestes ambientes?

12. O Cardeal Castrillón Hoyos insiste na chamada "ars celebrandi", expressão que é frequentemente utilizada também por Bento XVI. Em que ela consiste, em sua opinião? Como colocá-la em prática?

A meu ver a "ars celebrandi" consiste, antes de tudo, na capacidade de interiorização do Mistério que se celebra, ou seja, na capacidade de "conectar-se", para usar uma linguagem mais atual, à realidade litúrgica celebrada. Consiste na consciência de que se está diante de Deus, e de que toda a ação litúrgica a Ele é dirigida, exigindo este princípio um esforço consistente, que envolve a totalidade do ser. A "ars celebrandi" envolve toda uma atitude que, a meu ver, exige um antes, um durante e um depois de cada celebração, ou seja, uma preparação anterior fundamentada sempre que possível no silêncio, no diálogo com Deus; uma atitude de respeito e de atenção durante a celebração, vestes dignas, postura respeitosa, diria uma elegância no porte que revele a dignidade daquilo que se realiza; e uma ação de graças sentida e piedosa, para que a celebração repercuta nos demais atos sacerdotais. A "ars celebrandi" portanto não se constitui simplesmente em uma atitude respeitosa externa, mas tem raízes na alma...: a meu ver, a "ars celebrandi" mais do que na estética, é fundada na oração.

13. É visível o abandono da casula por boa parte do clero brasileiro. A que causas V. Excia. atribui a interpretação, deveras "benigna", da norma que a dispensa em situações extremas, invocada pelos padres?

O abandono da casula nada mais é do que a expressão de uma mentalidade "minimalista" em relação à Liturgia. Faz-se o mínimo necessário, usa-se o mínimo necessário, etc..., tudo justificado pela idéia de se simplificar as celebrações, fugir-se da pompa e do ritualismo. Vai-se assim, procurando-se fugir de uma visão extrema de suntuosidade ao outro extremo, hoje mais comum, que é o do relaxo e do empobrecimento litúrgico.

14. Aliás, quais são as causas, na visão de V. Excia., de tanto desleixo para com a liturgia no Brasil? A teologia da libertação e o modernismo, condenado por São Pio X, têm que parcela de culpa?

A causa está, antes de tudo, em uma visão dessacralizadora da Liturgia. A idéia de se pretender uma Liturgia que tem como centro o homem, e não Deus. O resto, é consequência disto... Ou seja, a crise é, antes de tudo, de fé.

15. Alguns padres mais novos começam a vestir batina, a usar clergyman, a celebrar com decoro, a se interessar pelo latim, a usar tanto a forma ordinária bem celebrada (inclusive com latim e gregoriano) como a forma extraordinária. Também leigos bem formados estão despertando e tomando iniciativas apostólicas para promover a liturgia de acordo com o que nos manda Roma e conforme a tradição da Igreja. O que diz V. Excia. disso tudo?

Digo que também isto me preocupa. Tenho visto fotos e mais fotos de seminaristas de batina, faixa, barrete, peregrineta, capote, etc... e que, depois de ordenados sacerdotes, deixam tudo isto de lado, ou usam estas vestimentas tão somente "quando estão exercendo o ministério", como se, para um sacerdote, fosse possível ter duas vidas, dois princípios norteadores para a própria vida. Minha opinião é a de que "o hábito não faz o monge, só o reveste". Assim, para que tudo isto tenha sentido, é necessária autêntica busca da santidade, que, para um sacerdote, é a plena identificação com o Cristo Jesus, com seus sentimentos, com seus valores, com suas palavras, com seus amores, etc... Sem autêntica vida espiritual, ou seja, para a Liturgia, sem a autêntica interioridade, a Liturgia torna-se tão somente ritualismo farisáico. Metros e metros de pano, quilos e quilos de incenso, etc.. não servem para nada quando não existe um apaixonado amor a Cristo, a Sua Igreja e a Seu Povo. Vejo com esperança toda esta movimentação em relação à busca de uma Liturgia mais fiel à normativa da Igreja, mas penso que isto só não seja suficiente para uma autêntica renovação eclesial: precisamos não somente de gente que celebre ou que participe da Liturgia bem celebrada... Precisamos de gente SANTA que celebre e participe bem da Liturgia bem celebrada.

16. Aos que querem a Missa mais sóbria, de acordo com as normas, com incenso, latim, paramentos bonitos, logo se lhes acusam de "rubricistas" ou de "obtusos", "antiquados" e até de "fariseus". Dizem que a Missa tem que ser "alegre", com palmas, pop-rock, improvisação, abraços nos irmãos, sem se prender a fórmulas. Alegam que Jesus quer animação, que o que importa é o coração, é o interior. Como responder a tudo isso?

Deve-se responder coma exemplareidade de celebrações bem realizadas. Mas também é preciso cuidar de que a parte humana, nas Comunidades onde se celebra decentemente, seja cuidada... As pessoas tem necessidades humanas de afeto, de encontro, de até festejar junto, ou de chorar junto. O erro não é a necessidade de fraternidade, de acolhida, de comemorações, etc.... O erro é querer fazer isto na Santa Missa, usando-a com finalidades incoerentes com os seus verdadeiros fins. A santa Missa não pode ser instrumentalizada. mas cada Comunidade cristã deve ter seus espaços de acolhida humana, sempre fundamentados na caridade do Senhor.

17. V. Excia. há poucos dias conferiu o canonicato a alguns de seus sacerdotes. Como vê a instituição do Cabido Diocesano, sua perda em várias dioceses, e a importância dele para a liturgia?

Quando cheguei à Diocese de Frederico Westphalen, imediatamente solicitei, por meio da Nunciatura Apostólica em Brasília, a Instauração do Colendo Capítulo de Cônegos de nossa catedral Diocesana.A razão é dupla: em primeiro lugar, para que pudesse ter um Grupo seleto de presbíteros da Diocese que pudesse auxiliar-me e secundar-me para que as Celebrações Litúrgicas oficiais, na Catedral Diocesana de Santo Antonio assumissem uma maior dignidade e fossem sempre celebradas de acordo com as Normas Litúrgicas vigentes. Em segundo lugar, a ereção do Capítulo de Cônegos é também uma forma de expressar o respeito e o afeto do Bispo pelo Presbitério Diocesano, que, graças a Deus, é valoroso e sempre me dá muitas alegrias. A meu ver o descaso com os Capítulos deve-se ao fato de que canonicamente, o mesmo tenha perdido sua função de "senado do bispo", sendo substituído por outras realidades de Comunhão.

18. Pode V. Excia. nos dar um exemplo concreto desse "governar com diálogo", principalmente no campo da liturgia? Como, para usar suas palavras, "proporcionar os meios para que as coisas melhorem" na liturgia, na Missa, na beleza das celebrações, na correção dos equívocos?

Em relação à Liturgia, tenho, em primeiro lugar, dado o exemplo, ou seja, celebrado sempre na Catedral Diocesana de acordo com as regras litúrgicas vigentes, mas sempre com solenidade e dignidade. O resultado é o de ter sempre muita gente participando das Missas semanais celebradas pelo Bispo Diocesano, na Catedral, sempre nos domingos às 19,00 h. Além disso, celebro diariamente a Santa Missa, de 2a a 6a feira às 8,00 h, na Cripta da Catedral Diocesana. Naturalmente, uma Missa mais simples, mas sempre de acordo com as Normas Litúrgicas. Minha intenção é a da exemplaridade: que os padres celebrem bem, e que celebrem todos os dias, algo inusitado para esta última questão, por estes lados do Rio Grande do Sul. Além disso, tenho enviado mensalmente a todos os padres uma correspondência pessoal: uma carta amiga e fraterna, de pai e de pastor, tratando sempre de uma aspecto prático da vida e da espiritualidade presbiteral. Além disso, segue, junto à carta (chama-se "Carta aos Padres") artigos específicos de temas práticos de pastoral. Ultimamente tenho enviado sempre temas de Liturgia, especificamente, sobre a "ars celebrandi". O interessante é que já sente-se o resultado. Por aqui, não temos grandes abusos. Os mais visíveis são aqueles que dizem respeito à música litúrgica, já que a Diocese edita um "Livro de Cantos" (a última edição tem quase 10 anos) e neste livro foram colocados cantos que não estão adequados à Liturgia. Assim, estamos preparando uma revisão do livro. Em um ou outro lugar escutam-se, em alguns momentos, algumas palmas... etc.. mas, repito, nada que demonstre abusos mais graves, que digam respeito, por exemplo, à fé. Muitas das estranhezas litúrgicas que vejo, devem-se à passagem de alum liturgista (na verdade ALGUMA...) que espalhou algumas idéias estranhas, mas que, de fato, não penetraram com muita profundidade. Nosso presbitério é bem diferente do de São Paulo, por exemplo, onde predomina em muitos ambientes, a idéia de "inventar" a liturgia. Assim, mudando os cantos do livro, e procurando manter sempre esta atitude de enviar bom material etc.. aos padres, além de oferecer aos seminaristas a possibilidade de ajudarem nas cerimônias da Catederal (coisa que antes não existia), vejo que em breve teremos uma liturgia muito mais cuidada e adequada por aqui.

19. Um futuro promissor para a liturgia no Brasil é visto por V. Excia. a curto prazo? Quais os erros que devem ser evitados nesse trabalho de "reforma da reforma"?

Sou realista, mas tenho fé. Minha vida inteira de padre dediquei-me a formar seminaristas e a procurar celebrar sempre bem. Não digo isto como honra, mas como algo feito com consciência. Deus tem Seus tempos e Suas razões. Vivemos um período de purificação, na Igreja. Assim, não tenho noção a respeito de prazos, etc. Penso que cabe-nos sempre ser muito fiéis, especialmente em relação à Liturgia, e ter a paciência em saber esperar. Mesmo que Nosso Senhor não me dê a alegria de ver as coisas mudarem de fato, penso que, de alguma maneira, colaborei para que as coisas, de alguma maneira, em um dia que Deus sabe qual será, as coisas voltem ao eixo. Nós passamos, inclusive aqueles que organizaram ou mantiveram ou ainda mantém toda esta confusão. A Igreja permanece.

20. Por fim, uma palavra de incentivo aos leitores do Salvem a Liturgia, e seu pensamento acerca de nosso apostolado.

Quero dizer aos leitores que procurem, antes de tudo, viver a Liturgia, com interioridade e atenção. Repito o que já anteriormente disse: a autêntica participação na Liturgia exige interioridade, alma, amor a Deus. Vivamos a Liturgia não só na sua exterioridade tão bonita e necessária mas, principalmente, no que ela realiza de ato de amor a Deus.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)

Bento XVI impõe Pálio a 34 Arcebispos

Bento XVI irá impor o Pálio a 34 arcebispos de todo o mundo, na próxima Segunda-feira, dia 29, Solenidade de São Pedro e São Paulo.

O metropolita preside a uma província eclesiástica constituída por diversas dioceses. Este sistema administrativo veio da divisão civil do Império Romano, depois da paz de Constantino (313).

A imposição do Pálio tem lugar no altar da confissão da Basílica de São Pedro. O Pálio, (faixa de lã branca com seis cruzes pretas de seda), é uma insígnia litúrgica de "honra e jurisdição" que é abençoada pelos Papas nesta solenidade. Para além do próprio Papa, os Pálios são também envergados pelos Arcebispos Metropolitas nas suas Igrejas e nas da sua Província eclesiástica.

Esta insígnia é feita com a lã de dois cordeiros brancos benzidos pelos Papas na memória litúrgica de Santa Inês, a 21 de Janeiro. Como resultado de estudos históricos e artísticos, o Pálio que Bento XVI enverga, atualmente, é significativamente diferente do dos Arcebispos. O Pálio é um símbolo do Bom Pastor que leva nos ombros o cordeiro até dar a sua própria vida, como recordam as seis cruzes negras bordadas.

Durante a Missa, dos 34 Arcebispos que receberão o Pálio estão os Arcebispos do Brasil:

Teresina (PI), Dom Sérgio da Rocha

Botucatu (SP), Dom Maurício Grotto de Camargo

Juiz de Fora (MG), Dom Gil Antônio Moreira

São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), Dom Orani João Tempesta

terça-feira, 23 de junho de 2009

Proclamação do Ano Sacerdotal


CARTA DO SUMO PONTÍFICE
BENTO XVI
PARA A PROCLAMAÇÃO
DE UM ANO SACERDOTAL
POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO
DO DIES NATALIS DO SANTO CURA D’ARS


Amados irmãos no sacerdócio,

Na próxima solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, sexta-feira 19 de Junho de 2009 – dia dedicado tradicionalmente à oração pela santificação do clero – tenho em mente proclamar oficialmente um «Ano Sacerdotal» por ocasião do 150.º aniversário do «dies natalis» de João Maria Vianney, o Santo Patrono de todos os párocos do mundo. Tal ano, que pretende contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo, terminará na mesma solenidade de 2010. «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus»: costumava dizer o Santo Cura d’Ars. Esta tocante afirmação permite-nos, antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade. Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de «amigos de Cristo», por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?

Eu mesmo guardo ainda no coração a recordação do primeiro pároco junto de quem exerci o meu ministério de jovem sacerdote: deixou-me o exemplo de uma dedicação sem reservas ao próprio serviço sacerdotal, a ponto de encontrar a morte durante o próprio acto de levar o viático a um doente grave. Depois repasso na memória os inumeráveis irmãos que encontrei e encontro, inclusive durante as minhas viagens pastorais às diversas nações, generosamente empenhados no exercício diário do seu ministério sacerdotal. Mas a expressão utilizada pelo Santo Cura d’Ars evoca também o Coração traspassado de Cristo com a coroa de espinhos que O envolve. E isto leva o pensamento a deter-se nas inumeráveis situações de sofrimento em que se encontram imersos muitos sacerdotes, ou porque participantes da experiência humana da dor na multiplicidade das suas manifestações, ou porque incompreendidos pelos próprios destinatários do seu ministério: como não recordar tantos sacerdotes ofendidos na sua dignidade, impedidos na sua missão e, às vezes, mesmo perseguidos até ao supremo testemunho do sangue?

Infelizmente existem também situações, nunca suficientemente deploradas, em que é a própria Igreja a sofrer pela infidelidade de alguns dos seus ministros. Daí advém então para o mundo motivo de escândalo e de repulsa. O máximo que a Igreja pode recavar de tais casos não é tanto a acintosa relevação das fraquezas dos seus ministros, como sobretudo uma renovada e consoladora consciência da grandeza do dom de Deus, concretizado em figuras esplêndidas de generosos pastores, de religiosos inflamados de amor por Deus e pelas almas, de directores espirituais esclarecidos e pacientes. A este respeito, os ensinamentos e exemplos de S. João Maria Vianney podem oferecer a todos um significativo ponto de referência. O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: «Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia». E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: «Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Depois de Deus, o sacerdote é tudo! (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu». Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: «Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós».

Tinha chegado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontrar uma situação religiosamente precária: «Naquela paróquia, não há muito amor de Deus; infundi-lo-eis vós». Por conseguinte, achava-se plenamente consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo, testemunhando a sua ternura salvífica: «[Meu Deus], concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!»: foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão da sua paróquia, dedicou-se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma das suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado. Amados irmãos no sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o método pastoral de S. João Maria Vianney. A primeira coisa que devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a sua acção salvífica era e é expressão do seu «Eu filial» que, desde toda a eternidade, está diante do Pai em atitude de amorosa submissão à sua vontade. Com modesta mas verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a santidade objectiva do ministério e a subjectiva do ministro. O Cura d’Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo «habitar», mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: «Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. (…) Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá»: lê-se na primeira biografia.

O exagero devoto do pio hagiógrafo não deve fazer-nos esquecer o facto de que o Santo Cura soube também «habitar» activamente em todo o território da sua paróquia: visitava sistematicamente os doentes e as famílias; organizava missões populares e festas dos Santos Patronos; recolhia e administrava dinheiro para as suas obras sócio-caritativas e missionárias; embelezava a sua igreja e dotava-a de alfaias sagradas; ocupava-se das órfãs da «Providence» (um instituto fundado por ele) e das suas educadoras; tinha a peito a instrução das crianças; fundava confrarias e chamava os leigos para colaborar com ele.

O seu exemplo induz-me a evidenciar os espaços de colaboração que é imperioso estender cada vez mais aos fiéis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo sacerdotal e no meio dos quais, em virtude do sacerdócio ministerial, se encontram «para os levar todos à unidade, “amando-se uns aos outros com caridade fraterna, e tendo os outros por mais dignos” (Rm 12, 10)». Neste contexto, há que recordar o caloroso e encorajador convite feito pelo Concílio Vaticano II aos presbíteros para que «reconheçam e promovam sinceramente a dignidade e participação própria dos leigos na missão da Igreja. Estejam dispostos a ouvir os leigos, tendo fraternalmente em conta os seus desejos, reconhecendo a experiência e competência deles nos diversos campos da actividade humana, para que, juntamente com eles, saibam reconhecer os sinais dos tempos».

O Santo Cura ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus Eucaristia. «Para rezar bem – explicava-lhes o Cura –, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela sua presença sagrada. Esta é a melhor oração». E exortava: «Vinde à comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde viver d’Ele para poderdes viver com Ele». «É verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!». Esta educação dos fiéis para a presença eucarística e para a comunhão adquiria um eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo assistia afirmava que «não era possível encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. (...) Contemplava a Hóstia amorosamente». Dizia ele: «Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do sacrifício da Missa, porque aquelas são obra de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus». Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: «A causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse um coisa ordinária!». E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer sempre também o sacrifício da sua própria vida: «Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!».

Esta sintonia pessoal com o Sacrifício da Cruz levava-o – por um único movimento interior – do altar ao confessionário. Os sacerdotes não deveriam jamais resignar-se a ver os seus confessionários desertos, nem limitar-se a constatar o menosprezo dos fiéis por este sacramento. Na França, no tempo do Santo Cura d’Ars, a confissão não era mais fácil nem mais frequente do que nos nossos dias, pois a tormenta revolucionária tinha longamente sufocado a prática religiosa. Mas ele procurou de todos os modos, com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem o significado e a beleza da Penitência sacramental, apresentando-a como uma exigência íntima da Presença eucarística. Pôde assim dar início a um círculo virtuoso. Com as longas permanências na igreja junto do sacrário, fez com que os fiéis começassem a imitá-lo, indo até lá visitar Jesus, e ao mesmo tempo estivessem seguros de que lá encontrariam o seu pároco, disponível para os ouvir e perdoar. Em seguida, a multidão crescente dos penitentes, provenientes de toda a França, haveria de o reter no confessionário até 16 horas por dia. Dizia-se então que Ars se tinha tornado «o grande hospital das almas». «A graça que ele obtinha [para a conversão dos pecadores] era tão forte que aquela ia procurá-los sem lhes deixar um momento de trégua!»: diz o primeiro biógrafo. E assim o pensava o Santo Cura d’Ars, quando afirmava: «Não é o pecador que regressa a Deus para Lhe pedir perdão, mas é o próprio Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar para Ele». «Este bom Salvador é tão cheio de amor que nos procura por todo o lado».

Todos nós, sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente estas palavras que ele colocava na boca de Cristo: «Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita». Do Santo Cura d’Ars, nós, sacerdotes, podemos aprender não só uma inexaurível confiança no sacramento da Penitência que nos instigue a colocá-lo no centro das nossas preocupações pastorais, mas também o método do «diálogo de salvação» que nele se deve realizar. O Cura d’Ars tinha maneiras diversas de comportar-se segundo os vários penitentes. Quem vinha ao seu confessionário atraído por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontrava nele o encorajamento para mergulhar na «torrente da misericórdia divina» que, no seu ímpeto, tudo arrasta e depura. E se aparecia alguém angustiado com o pensamento da sua debilidade e inconstância, temeroso por futuras quedas, o Cura d’Ars revelava-lhe o segredo de Deus com um discurso de comovente beleza: «O bom Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos. Como é grande o amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!». Diversamente, a quem se acusava de forma tíbia e quase indiferente, expunha, através das suas próprias lágrimas, a séria e dolorosa evidência de quão «abominável» fosse aquele comportamento. «Choro, porque vós não chorais»: exclamava ele. «Se ao menos o Senhor não fosse assim tão bom! Mas é assim bom! Só um bárbaro poderia comportar-se assim diante de um Pai tão bom!». Fazia brotar o arrependimento no coração dos tíbios, forçando-os a verem com os próprios olhos o sofrimento de Deus, causado pelos pecados, quase «encarnado» no rosto do padre que os atendia de confissão. Entretanto a quem se apresentava já desejoso e capaz de uma vida espiritual mais profunda, abria-lhe de par em par as profundidades do amor, explicando a inexprimível beleza de poder viver unidos a Deus e na sua presença: «Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para agradar a Deus. (...) Como é belo!» E ensinava-lhes a rezar assim: «Meu Deus, dai-me a graça de Vos amar tanto quanto é possível que eu Vos ame!».

No seu tempo, o Cura d’Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio e testemunho da verdade do Amor: Deus caritas est (1 Jo 4, 8). Com a Palavra e os Sacramentos do seu Jesus, João Maria Vianney sabia instruir o seu povo, ainda que frequentemente suspirava convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial de que se sentia indigno. Mas, com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas. Procurava aderir totalmente à própria vocação e missão por meio de uma severa ascese: «Para nós, párocos, a grande desdita – deplorava o Santo – é entorpecer-se a alma», entendendo, com isso, o perigo de o pastor se habituar ao estado de pecado ou de indiferença em que vivem muitas das suas ovelhas. Com vigílias e jejuns, punha freio ao corpo, para evitar que opusesse resistência à sua alma sacerdotal. E não se esquivava a mortificar-se a si mesmo para bem das almas que lhe estavam confiadas e para contribuir para a expiação dos muitos pecados ouvidos em confissão. Explicava a um colega sacerdote: «Dir-vos-ei qual é a minha receita: dou aos pecadores uma penitência pequena e o resto faço-o eu no lugar deles». Independentemente das penitências concretas a que se sujeitava o Cura d’Ars, continua válido para todos o núcleo do seu ensinamento: as almas custam o sangue de Cristo e o sacerdote não pode dedicar-se à sua salvação se se recusa a contribuir com a sua parte para o «alto preço» da redenção.

No mundo actual, não menos do que nos tempos difíceis do Cura d’Ars, é preciso que os presbíteros, na sua vida e acção, se distingam por um vigoroso testemunho evangélico. Observou, justamente, Paulo VI que «o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas». Para que não se forme um vazio existencial em nós e fique comprometida a eficácia do nosso ministério, é preciso não cessar de nos interrogarmos: «Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais de que o sejam o pão e as coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos ocupamos interiormente desta palavra, que a mesma dá realmente um timbre à nossa vida e forma o nosso pensamento?». Assim como Jesus chamou os Doze para estarem com Ele (cf. Mc 3, 14) e só depois é que os enviou a pregar, assim também nos nossos dias os sacerdotes são chamados a assimilar aquele «novo estilo de vida» que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido pelos Apóstolos.

Foi precisamente a adesão sem reservas a este «novo estilo de vida» que caracterizou o trabalho ministerial do Cura d’Ars. O Papa João XXIII, na carta encíclica Sacerdotii nostri primordia – publicada em 1959, centenário da morte de S. João Maria Vianney –, apresentava a sua fisionomia ascética referindo-se de modo especial ao tema dos «três conselhos evangélicos», considerados necessários também para os presbíteros: «Embora, para alcançar esta santidade de vida, não seja imposta ao sacerdote como própria do estado clerical a prática dos conselhos evangélicos, entretanto esta representa para ele, como para todos os discípulos do Senhor, o caminho regular da santificação cristã». O Cura d’Ars soube viver os «conselhos evangélicos» segundo modalidades apropriadas à sua condição de presbítero. Com efeito, a sua pobreza não foi a mesma de um religioso ou de um monge, mas a requerida a um padre: embora manejasse com muito dinheiro (dado que os peregrinos mais abonados não deixavam de se interessar pelas suas obras sócio-caritativas), sabia que tudo era dado para a sua igreja, os seus pobres, os seus órfãos, as meninas da sua «Providence», as suas famílias mais indigentes. Por isso, ele «era rico para dar aos outros e era muito pobre para si mesmo». Explicava: «O meu segredo é simples: dar tudo e não guardar nada». Quando se encontrava com as mãos vazias, dizia contente aos pobres que se lhe dirigiam: «Hoje sou pobre como vós, sou um dos vossos». Deste modo pôde, ao fim da vida, afirmar com absoluta serenidade: «Não tenho mais nada. Agora o bom Deus pode chamar-me quando quiser!». Também a sua castidade era aquela que se requeria a um padre para o seu ministério. Pode-se dizer que era a castidade conveniente a quem deve habitualmente tocar a Eucaristia e que habitualmente a fixa com todo o entusiasmo do coração e com o mesmo entusiasmo a dá aos seus fiéis. Dele se dizia que «a castidade brilhava no seu olhar», e os fiéis apercebiam-se disso quando ele se voltava para o sacrário fixando-o com os olhos de um enamorado. Também a obediência de S. João Maria Vianney foi toda encarnada na dolorosa adesão às exigências diárias do seu ministério. É sabido como o atormentava o pensamento da sua própria inaptidão para o ministério paroquial e o desejo que tinha de fugir «para chorar a sua pobre vida, na solidão». Somente a obediência e a paixão pelas almas conseguiam convencê-lo a continuar no seu lugar. A si próprio e aos seus fiéis explicava: «Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: servi-Lo como Ele quer ser servido». A regra de ouro para levar uma vida obediente parecia-lhe ser esta: «Fazer só aquilo que pode ser oferecido ao bom Deus».

No contexto da espiritualidade alimentada pela prática dos conselhos evangélicos, aproveito para dirigir aos sacerdotes, neste Ano a eles dedicado, um convite particular para saberem acolher a nova primavera que, em nossos dias, o Espírito está a suscitar na Igreja, através nomeadamente dos Movimentos Eclesiais e das novas Comunidades. «O Espírito é multiforme nos seus dons. (…) Ele sopra onde quer. E fá-lo de maneira inesperada, em lugares imprevistos e segundo formas precedentemente inimagináveis (…); mas demonstra-nos também que Ele age em vista do único Corpo e na unidade do único Corpo». A propósito disto, vale a indicação do decreto Presbyterorum ordinis: «Sabendo discernir se os espíritos vêm de Deus, [os presbíteros] perscrutem com o sentido da fé, reconheçam com alegria e promovam com diligência os multiformes carismas dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos». Estes dons, que impelem não poucos para uma vida espiritual mais elevada, podem ser de proveito não só para os fiéis leigos mas também para os próprios ministros. Com efeito, da comunhão entre ministros ordenados e carismas pode brotar «um válido impulso para um renovado compromisso da Igreja no anúncio e no testemunho do Evangelho da esperança e da caridade em todos os recantos do mundo». Queria ainda acrescentar, apoiado na exortação apostólica Pastores dabo vobis do Papa João Paulo II, que o ministério ordenado tem uma radical «forma comunitária» e pode ser cumprido apenas na comunhão dos presbíteros com o seu Bispo. É preciso que esta comunhão entre os sacerdotes e com o respectivo Bispo, baseada no sacramento da Ordem e manifestada na concelebração eucarística, se traduza nas diversas formas concretas de uma fraternidade sacerdotal efectiva e afectiva. Só deste modo é que os sacerdotes poderão viver em plenitude o dom do celibato e serão capazes de fazer florir comunidades cristãs onde se renovem os prodígios da primeira pregação do Evangelho.

O Ano Paulino, que está a chegar ao fim, encaminha o nosso pensamento também para o Apóstolo das nações, em quem refulge aos nossos olhos um modelo esplêndido de sacerdote, totalmente «doado» ao seu ministério. «O amor de Cristo nos impele – escrevia ele –, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram» (2 Cor 5, 14). E acrescenta: Ele «morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles» (2 Cor 5, 15). Que programa melhor do que este poderia ser proposto a um sacerdote empenhado a avançar pela estrada da perfeição cristã?

Amados sacerdotes, a celebração dos cento e cinquenta anos da morte de S. João Maria Vianney (1859) segue-se imediatamente às celebrações há pouco encerradas dos cento e cinquenta anos das aparições de Lourdes (1858). Já em 1959, o Beato Papa João XXIII anotara: «Pouco antes que o Cura d’Ars concluísse a sua longa carreira cheia de méritos, a Virgem Imaculada aparecera, noutra região da França, a uma menina humilde e pura para lhe transmitir uma mensagem de oração e penitência, cuja imensa ressonância espiritual há um século que é bem conhecida. Na realidade, a vida do santo sacerdote, cuja comemoração celebramos, fora de antemão uma viva ilustração das grandes verdades sobrenaturais ensinadas à vidente de Massabielle. Ele próprio nutria pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem uma vivíssima devoção, ele que, em 1836, tinha consagrado a sua paróquia a Maria concebida sem pecado e havia de acolher com tanta fé e alegria a definição dogmática de 1854». O Santo Cura d’Ars sempre recordava aos seus fiéis que «Jesus Cristo, depois de nos ter dado tudo aquilo que nos podia dar, quis ainda fazer-nos herdeiros de quanto Ele tem de mais precioso, ou seja, da sua Santa Mãe».

À Virgem Santíssima entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja que inspiraram o pensamento e a acção do Santo Cura d’Ars. Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua quotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja. Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o Bispo, entre eles próprios e com os leigos que é tão necessário hoje, como o foi sempre. Não obstante o mal que existe no mundo, ressoa sempre actual a palavra de Cristo aos seus apóstolos, no Cenáculo: «No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A fé no divino Mestre dá-nos a força para olhar confiadamente o futuro. Amados sacerdotes, Cristo conta convosco. A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo actual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz.
Com a minha bênção.
Vaticano, 16 de Junho de 2009.
BENEDICTUS PP. XVI

quarta-feira, 10 de junho de 2009

"Padre Norman é preso por protestar contra aborto"

Esse fato ocorreu em Maio de 2009, mas não tinha parado para ler sobre a prisão do Padre Norman Weslin, 80 anos, preso na Universidade de Notre Dame, por protestar contra o aborto. O protesto consistia em cantar, rezar, andar pelo campus e distribuir rosários.

No momento em que ele fica de joelhos suplicando a Santíssima Virgem meu coração acelerou ao ver a fé desse sacerdote, que no momento de aflição recorreu a Mãe de Jesus...comecei a chorar...devemos rezar e pedir que Nosso Senhor Jesus Cristo ajude os nossos pastores a darem mais testemunhos de vida e de fé como o Padre Norman.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Meu Vaticano - O Vaticano de Bento XVI

Ao longo de 23 anos, o Cardeal alemão Joseph Ratzinger foi um dos mais poderosos integrantes da Cúria Romana. Hoje, ele é o Papa Bento XVI. Este DVD traz a biografia do Sumo Pontífice e uma entrevista inédita, em que ele revela seus locais preferidos no Vaticano e conta como foi sua trajetória até se tornar um influente líder da Igreja Católica. Em imagens inéditas, Bento XVI nos acompanha em um passeio pelo menor Estado independente do mundo e nos guia por lugares maravilhosos e inacessíveis ao público. Dos arquivos da Santa Inquisição aos cemitérios e museus, o Papa nos apresenta um universo que ninguém conhece tão bem quanto ele.
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O segundo video está sem som, masvale apena ver...








terça-feira, 2 de junho de 2009

Uma Maravilha Católica - Cristo Redentor


O Cristo Redentor é uma estátua localizada na cidade do Rio de Janeiro, a 709 metros acima do nível do mar, no morro do Corcovado. De seus 38 metros, oito estão no pedestal. Foi inaugurado às 19h15 do dia 12 de outubro de 1931, depois de cerca de cinco anos de obras e no dia 7 de Julho de 2007 foi votada como uma das novas sete maravilhas do mundo.


História do Projeto Cristo Redentor

A construção de um monumento religioso no local foi sugerida pela primeira vez em 1859, pelo padre lazarista Pedro Maria Boss, à Princesa Isabel. No entanto, apenas retomou-se efetivamente a idéia em 1921, quando se avizinhavam as comemorações pelo centenário da Independência.

A estrada de rodagem que dá acesso ao local onde hoje se situa o Cristo Redentor foi construída em 1824. Já a estrada de ferro teve seu primeiro trecho (Cosme Velho-Paineiras) inaugurado em 1884. No ano seguinte, 1885, o segundo trecho foi concluido, completando a ligação com o cume. A ferrovia, que tem 3.800 metros de extensão, foi a primeira ser eletrificada no Brasil, em 1906.

A construção do Cristo Redentor ainda é considerada uma dos grandes capítulos da engenharia civil brasileira. O dono do projeto levou sua vida inteira construindo a estátua, que foi construída em pedra-sabão, originária do próprio pico do Corcovado.



Pedra fundamental

A pedra fundamental da estátua foi lançada no dia 4 de abril de 1922, mas as obras somente foram iniciadas em 1926. Dentre outras pessoas que colaboraram para a sua realização, podem ser citados o engenheiro Heitor da Silva Costa (autor do projeto escolhido em 1923), o artista plástico Carlos Oswald (autor do desenho final do monumento) e o escultor francês de origem polonesa Paul Landowski (executor da escultura).

Alguns historiadores especulam que o monumento seria um presente da França para o Brasil em resposta a alguma tentativas de invasão.



Inauguração

Na cerimônia da inauguração no dia 12 de Outubro de 1931, estava previsto que a iluminação do monumento seria acionada a partir da cidade de Nápoles, de onde o cientista italiano Guglielmo Marconi emitiria um sinal elétrico que seria retransmitido para uma antena situada no bairro carioca de Jacarepaguá, via uma estação receptora localizada em Dorchester, Inglaterra. No entanto, o mau tempo impossibiltou a façanha, e a iluminação foi acionada diretamente do local. O sistema de iluminação original foi substituído duas vezes: em 1932 e no ano 2000.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) em 1937, o monumento sobre obras de recuperação em 1980, quando da visita do papa João Paulo II e novamente em 1990. Outro conjunto de obras importantes foi feito em 2003, quando foi inaugurado um sistema de escadas rolantes e elevadores para facilitar o acesso à plataforma de onde se eleva a estátua.


Símbolo

Conhecido como símbolo não só da cidade do Rio de Janeiro, mas também do Brasil, a estátua do Cristo Redentor tem seus direitos de uso comercial pertencentes à Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, embora haja disputa por parte dos herdeiros dos envolvidos na concepção da obra.

Há que se observar, ainda, que a estátua está situada em logradouro público, estando portanto sujeita a ter sua imagem captada pelas lentes dos milhares de turistas que a contemplam e que trasformam este ponto turístico numa verdadeira "torre de Babel".


Santuário católico

Ao completar 75 anos em 12 de outubro de 2006, o Cristo Redentor foi transformado em santuário católico do Brasil. O cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Scheid, quer que o local deixe de ser apenas atrativo turístico e se torne local de peregrinação.

Casamentos e batizados também poderão ocorrer aos pés da estátua, de 38 metros de altura, possivelmente a partir do primeiro semestre do ano que vem, após o término de obras que ainda não foram iniciadas. O aniversário foi celebrado com uma missa, a entrega dos prêmios Cristo Redentor. Um deles concedido ao deficiente visual Paulo Bastos, que já escalou o morro do Corcovado, onde fica o monumento.

Para adequar o espaço existente à celebração de ritos católicos a Arquidiocese do Rio de Janeiro utiliza-se da capela de Nossa Senhora Aparecida, na base da estátua.