"NA IGREJA CHINESA, OS LEIGOS SÃO MAIS FERVOROSOS DO QUE OS PADRES"
Bispo de Fengxiang envia mensagem para o Sínodo dos Bispos
Ly Jingfeng nasceu em 1922. Ordenado sacerdote em 1947, foi consagrado bispo em 1980, de modo legítimo e reconhecido pelo governo chinês em 30 de agosto de2004. Adiocese de Fengxiang está localizada no centro da província de Shaanxi. Atualmente, conta com 20 mil católicos.
***
Reverendíssimos e Excelentíssimos Padres da XIII Assembleia Geral do Sínodo,
Quero me unir ao seu privilégio de participar no Sínodo e prestar homenagem ao túmulo de São Pedro. Lamento muito que suas excelências não possam ouvir nenhuma voz da Igreja chinesa. Desejando compartilhar pelo menos algumas palavras com suas excelências, e especialmente com o nosso papa Bento XVI, estou lhes enviando hoje esta breve mensagem.
Quero dizer que a nossa Igreja na China, especialmente os leigos, manteve até agora a piedade, a fidelidade, a sinceridade e a devoção dos primeiros cristãos, apesar de ter suportado cinquenta anos de perseguição. Quero acrescentar que rezo intensamente e constantemente a Deus Todo-Poderoso para que a nossa compaixão, a nossa fidelidade, a nossa sinceridade e a nossa devoção sanem a indiferença, a infidelidade e a secularização que surgiram no exterior, por causa de uma abertura e de uma liberdade sem freios.
No Ano da Fé, nas suas discussões sinodais, suas excelências podem indagar por que a nossa fé na China foi preservada inabalável até hoje. É como disse o grande filósofo chinês Lao Tse: "Assim como a calamidade gera prosperidade, também o conforto esconde a calamidade". Nas igrejas fora da China, a tibieza, a infidelidade e a secularização dos fiéis infectaram muitos clérigos. Já na Igreja chinesa, os leigos são mais fervorosos do que o próprio clero. Será que a piedade, a fidelidade, a sinceridade e a devoção dos leigos chineses cristãos não poderia sacudir os clérigos estrangeiros?
Eu fiquei profundamente comovido com o lamento do papa Bento XVI: "Como sabemos, em vastas áreas do mundo a fé corre o perigo de se apagar, como uma chama que não é mais alimentada. Estamos diante de uma profunda crise de fé, de uma perda do sentido religioso, que constitui o maior desafio para a Igreja de hoje. A renovação da fé deve ser a prioridade no compromisso de toda a Igreja nos nossos dias" (Discurso do Santo Padre Bento XVI aos participantes da Assembleia Plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, 27 de janeiro de 2012).
Eu acredito, porém, que a nossa fé de cristãos chineses pode consolar o papa. Não mencionarei a política, que é sempre transitória.
(Trad.ZENIT)
Nenhum comentário:
Postar um comentário