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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sentido teológico: Versus ad populum aut contra Deum?

Essa nos é uma pergunta constante, qual a razão de celebrar o sacrifício da Missa de costas para o povo? E por que se celebra de frente para o povo? Liturgicamente qual delas possui um significado teológico?


Essa pergunta e outras serão explicadas pelo Reverendíssimo Monsenhor Guido Marini - Mestre de Cerimônias da Liturgia Pontifícia.


O que se entende com "oração voltada para o oriente"? Entende-se o coração orante orientado para Cristo, do qual provém a salvação e para o qual todos tendem como para o Princípio e Termo da História. No Oriente nasce o sol. Ora, o sol é símbolo de Cristo, a luz que surge do Oriente. Lembre-se a propósito a passagem do cântico Benedictus : "O sol que surge no Oriente vem nos visitar"(Lc 1, 78).

Durante a celebração Eucarística o sacerdote nos convida a voltar os corações para o Senhor: "Sursum Corda", e todos respondem "Habémus ad Dóminum". Ora, se tal orientação deve ser sempre interiormente assumida por toda a comunidade cristã e recolhida em oração, essa atitude deve ser também expressa com sinal exterior. De fato, o sinal exterior há de ser sempre verdadeiro, de modo que torne manifesta a correta atitude espiritual.




Missa presidida por S.S. Papa Bento XVI

Então aí está o motivo da proposta do Cardeal Ratzinger, enquanto Pontífice Máximus da Igreja, que é mantida pelo então Cardeal Bergoglio - Papa Francisco: colocar o crucifixo no centro do altar, de maneira que todos, no momento da liturgia Eucarística, possam efetivamente voltar os olhos para o Senhor, orientando assim a própria oração e coração.

A Cruz permanece no centro do Altar

Vejamos o que disse o Papa Bento XVI, que escreve sua Opera omnia, dedicado à liturgia: " A ideia de que o sacerdote e povo deveriam, na oração, olhar um para o outro, surgiu apenas no cristianismo moderno e é completamente estranha no antigo. Sacerdote e povo certamente não rezam um para o outro, e sim para o único Senhor. Por isso na oração todos olham para mesma direção: ou para o Oriente como símbolo cósmico do Senhor que vem, ou, nos lugares onde isso não é possível, para uma imagem de Cristo na abside, para uma cruz, ou simplesmente para o céu,como fez o Senhor durante a oração sacerdotal da última noite antes da Paixão (Jo 17, 1).
E não se diga que a imagem do crucifixo obscurece a visão dos fiéis em relação ao celebrante. Os fiéis não devem olhar o celebrante, nesse momento litúrgico! Devem olhar para o Senhor! Assim aquele que preside a celebração deve poder olhar para o Senhor. A cruz não impede a visão; ao contrário, lhe abre o horizonte para o mundo de Deus, e a faz contemplar o mistério, a introduz no céu, de onde provém, a única luz capaz de dar sentido à vida neste mundo.
 Em nosso tempo entrou em voga a expressão "celebrar voltado para o povo". É aceitável dizer assim, quando a expressão entende descrever o aspecto topográfico, devido ao fato que hoje o sacerdote, pela colocação do altar, se encontra em posição frontal em relação à assembleia. Mas, não se poderia absolutamente aceitar, se tal expressão tivesse conteúdo teológico. De fato, a Missa, teologicamente falando, está sempre voltada para Deus, através de Cristo nosso Senhor, e seria grave erro imaginar que a orientação principal da ação sacrifical fosse a comunidade. Por isso, tal orientação- voltada para o Senhor- deve animar em cada um a participação litúrgica interior. E é igualmente importante que isso possa ser bem visível também no sinal litúrgico.

Missa presidida por S.S. Papa Francisco
                                               
   
Fonte: MARINI Guido, Liturgia Mistério da Salvação,  Ed. Paulus.

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