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quarta-feira, 12 de março de 2014

Um ano Franciscano!



Completa-se neste 13 de março um ano do solene Habemus Papam que anunciava a eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio para a Sé de São Pedro. Após o grande Pontífice que foi Bento XVI, o Paráclito conduziu o Sacro Colégio de Cardeais a eleger para o Papado o primeiro latino-americano da história, vindo das terras argentinas. 

Era por volta das 20 horas e 30 minutos no horário de Roma, quando o Cardeal Proto-Diácono da Igreja Romana, Jean-Louis Tauran, surgiu no balcão da monumental Basílica, construída nas Colinas Vaticanas sobre os restos mortais de São Pedro, para anunciar a eleição de seu 265° sucessor dele. O locutor, um francês de 69 anos, debilitado pelo mal de parkison, com o qual luta desde 2012, possuía uma voz fraca e aparência frágil. Seu anúncio em nada se comparou com o vigor e a solenidade do Habemus Papam de 2005, quando o chileno Jorge Arturo Medina, depois de saudar os fiéis em diversos idiomas, anunciou a eleição de Joseph Ratzinger. 

O "Dominum Georgium Marium [...] Cardinalem Bergoglio" ressoou tão tímido que demorou para que nos déssemos conta da eleição de um Pontífice do terceiro mundo. Fora escolhido o primeiro Papa argentino da história; um fato inédito que marcaria para sempre a vida eclesial. Inusitado também era o fato que pela primeira vez o "Papa branco e o 'papa negro'" eram, ambos, jesuítas. A Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio de Loyola, legava seu primeiro filho a Sé Petrina.


Ao som da Hino Pontifício, sem murça ou estola, surgiu o novo Papa. Ele parecia mais assustado que a própria nação católica que acolhia a sua inesperada eleição. No primeiro discurso, ladeado pelo brasileiro Cláudio Hummes, ele falou da necessidade da oração, da fraternidade e rezou pelo seu antecessor, Bento XVI. 

Irmãos e irmãs, boa noite!

Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. 
Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! 
E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo Emérito Bento XVI. 
Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.

E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. 
Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. 

Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela!

E agora quero dar a bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. 

Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.


Depois ele se inclinou e permaneceu em silêncio por alguns segundos. Concedeu a todos a bênção Urbi et Orbe e despediu a todos dizendo:

"Boa noite, e bom descanso!"

Ao ouvir suas primeira palavras, lembrávamos da caridade pastoral de João XXIII, quando do balcão de seu apartamento pontifício proferiu o famoso "discurso da lua", no qual dizia: "ao voltar para casa, encontrareis as criançinhas; fazei-lhes um carinho e dizei-lhes que este é o carinho do Papa".

Mas nos interrogávamos ainda acerca do sugestivo nome escolhido pelo Romano Pontífice: Francisco. Seria o santo de Assis, a quem Deus mandou "reformar a Sua Igreja"? Ou seria o seu confrade Xavier, missionário incansável? A questão não demorou a ser respondida. O Papa alegou que quando foi eleito, estava ao seu lado o antigo Prefeito da Congregação para o Clero e Arcebispo Emérito de São Paulo, Dom Claudio Hummes, O.F.M., gaúcho de Salvador do Sul, que disse: "não se esqueça dos pobres". O recém eleito, movido pelo Espírito Santo, decidiu chamar-se Francisco, que através da radicalidade do Evangelho viveu a pobreza, sendo o "mínimo dos mínimos". 



Apesar da brevidade do seu pontificado, é esta marca que tem predominado: "uma Igreja pobre para os pobres". O Papa tem um estilo pessoal de vida bastante austero e simples. Se percebe que ele não gosta dos ditos "formalismos" e "protocolos" vaticanos. Desde os primeiros dias, não fez uso do apartamento pontifício, mas, de um quarto na Casa Santa Marta, onde celebra missa "pública" todas as manhãs. 

Aumentaram neste período visitas pastorais às paróquias romanas. Francisco, que quer ter "cheiro das ovelhas", tem marcado presença junto a seus diocesanos e tem frisado com veemência que ele é o Bispo de Roma. Em 5 de julho do ano passado, ao lado do Papa Emérito, ele consagrou a Cidade Eterna à proteção do Arcanjo São Miguel.

O Papa, supremo pastor da Igreja, tem governado com sabedoria a sua grei. No que tange a liturgia e os hábitos pessoais, vemos sua simplicidade e simpatia, vindas de sua própria personalidade, razão pela qual, como dissemos anteriormenteele não é nenhum terrorista litúrgico, como se poderia imaginar. Antes, é um homem fiel, que tem guiado com caridade pastoral a Igreja de Cristo. 

Francisco é um homem que tem palavras objetivas e claras, sem maiores "rodeios". Lamentamos, porém, que seus discursos e falas sejam instrumentalizados por alguns, em favor de ideologias e de vertentes teológicas que não correspondem às verdades evangélicas e as necessidades do mundo e da Igreja na sociedade contemporânea.

Pedro, nosso pai comum, tem se mostrado um verdadeiro artífice de uma nova cultura, onde brilhará as riquezas do Evangelho e da salvação, longe de carreirismos e extremismos. O Papa nos governa na caridade e no amor, na proximidade e na "cultura do encontro".



Somos gratos a Deus por tão grande dom de Sua providência à Igreja. "Omnes cum Petrus, ad Iesum, per Mariam". Que o Santo Padre Francisco nos governe por longos anos, e que viva tanto ou mais que Pedro!

Obrigado, Santo Padre!


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